A cultura do Nordeste brasileiro é rica em manifestações populares que envolvem dança, música, lendas e brincadeiras. Esses elementos, enraizados na história e nas tradições da região, são um reflexo da diversidade cultural que a caracteriza.
O uso de atividades lúdicas e culturais não apenas preserva o patrimônio imaterial, mas também promove o aprendizado e o desenvolvimento das crianças.
Este artigo apresenta algumas das principais brincadeiras e propostas lúdicas do Nordeste, destacando seu valor educativo e cultural.
1. Festas Juninas
As festas juninas, comemoradas em todo o Brasil, são especialmente emblemáticas no Nordeste. Eventos como os de Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Mossoró (RN) são reconhecidos nacional e internacionalmente por sua grandiosidade. Nessas festas, as crianças podem participar de brincadeiras típicas como pescaria, corrida do saco, e dança de quadrilha, que promovem a interação e resgatam o senso de comunidade.
Como trabalhar em sala de aula:
- Educação Infantil e Ensino Fundamental I: Organize uma “miniquermesse” na sala ou pátio escolar, com barracas de brincadeiras como pescaria, jogo das argolas e corrida do saco. Introduza danças simples de quadrilha, ensinando às crianças os passos básicos e explicando a importância de elementos como trajes típicos e músicas tradicionais.
- Ensino Fundamental II e Médio: Promova projetos interdisciplinares, como pesquisa sobre as festas juninas de Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Mossoró (RN). Grupos podem criar apresentações sobre a geografia dessas cidades, sua história e o impacto econômico e social das festividades.
Exemplo prático: Construa uma maquete interativa com as crianças, representando uma festa junina com casinhas feitas de papelão, fogueira com papel colorido e personagens vestidos de trajes típicos.
2. Brincadeira “Ordem” e Parlendas
A brincadeira “Ordem”, tradicional em Salvador (BA), utiliza a parlenda para integrar movimento e ritmo à prática lúdica. Combinando coordenação motora, equilíbrio e memorização, a atividade fortalece habilidades físicas e cognitivas das crianças. A introdução de parlendas como “Um dois, feijão com arroz” e “Corre cutia” enriquece o repertório cultural infantil, conectando gerações por meio da oralidade.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Use a parlenda “Ordem” para desenvolver habilidades motoras e rítmicas. Oriente as crianças a jogar a bola na parede e seguir os comandos. Envolva-as em uma roda de conversa sobre outras parlendas que conheçam, pedindo que tragam exemplos de casa.
- Ensino Fundamental: Transforme a parlenda em um desafio em equipe. Por exemplo, as crianças podem trabalhar em duplas, revezando-se na execução dos movimentos e pontuando conforme acertam. Essa dinâmica estimula a cooperação e o pensamento estratégico.
- Ensino Médio: Proponha um estudo linguístico sobre a estrutura e a rima das parlendas. Relacione-as a gêneros textuais orais e explore suas origens históricas e culturais.
Exemplo prático: Depois de brincar com a parlenda, peça que as crianças criem suas próprias parlendas com base em tradições locais ou eventos do cotidiano.
3. Lenda da Princesa Encantada de Jericoacoara
As lendas são outro aspecto fundamental da cultura nordestina, como a famosa história da princesa encantada de Jericoacoara (CE).
Envolver as crianças na pesquisa e narração dessa lenda estimula a criatividade e a imaginação. Propostas como encenações e desenhos inspirados na lenda ajudam a preservar a história, ao mesmo tempo em que fomentam habilidades artísticas.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Conte a lenda como uma história interativa, com imagens da gruta de Jericoacoara e da princesa encantada. Peça às crianças que desenhem como imaginam a princesa e sua cidade encantada.
- Ensino Fundamental: Organize uma dramatização da lenda, com os alunos interpretando os personagens. Use materiais recicláveis para confeccionar adereços, como coroas e serpentinas.
- Ensino Médio: Relacione a lenda a outras histórias de encantamento na literatura, como mitos gregos ou contos árabes. Proponha uma análise comparativa sobre os valores e símbolos presentes em cada narrativa.
Exemplo prático: Após explorar a lenda, sugira que os alunos escrevam uma continuação da história, imaginando o que acontece quando a princesa é libertada.
4. Lagarta Pintada
A brincadeira “Lagarta Pintada” é popular em todo o Nordeste e promove a interação entre as crianças. Os versos rimados e os movimentos corporais sincronizados favorecem a socialização, ao mesmo tempo em que reforçam a coordenação motora e o senso de ritmo.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Use a roda da “Lagarta Pintada” para estimular a socialização e o ritmo. Após a brincadeira, peça que as crianças desenhem lagartas e criem uma história curta sobre elas.
- Ensino Fundamental: Transforme a cantiga em um jogo cooperativo. As crianças podem criar variações dos versos ou adaptar os gestos para incluir desafios, como pular ou girar.
- Ensino Médio: Proponha uma análise da cantiga como patrimônio imaterial, discutindo sua origem, variações regionais e função social.
Exemplo prático: Incentive os alunos a gravarem um vídeo da brincadeira, explicando suas regras e origem. Esse material pode ser compartilhado em um evento escolar sobre cultura popular.
5. Xilogravura: a arte do cordel
A xilogravura é uma prática artística que remonta à literatura de cordel, muito popular no Nordeste. Propor às crianças a confecção de xilogravuras usando materiais reciclados, como bandejas de isopor, é uma forma de ensinar sobre sustentabilidade e ao mesmo tempo apresentar uma tradição secular. Além disso, essa atividade estimula a criatividade e a expressão artística.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Peça que as crianças criem suas gravuras simples usando bandejas de isopor e lápis. Elas podem carimbar suas produções em papéis coloridos, formando painéis coletivos.
- Ensino Fundamental: Organize uma oficina de xilogravura com materiais recicláveis, explicando sua relação com a literatura de cordel. Cada aluno pode criar uma capa fictícia para um cordel inventado.
- Ensino Médio: Explore a xilogravura como uma forma de resistência cultural. Discuta seu uso histórico e incentive os alunos a criar obras que abordem temas contemporâneos, como meio ambiente ou inclusão social.
Exemplo prático: Monte uma exposição escolar com as xilogravuras produzidas pelos alunos, incluindo legendas explicativas e poemas criados por eles.

6. Capoeira
Originada entre os escravizados africanos, a capoeira combina arte marcial, dança e música. Promover oficinas de capoeira para crianças no ambiente escolar ou em projetos comunitários permite ensinar sobre a resistência cultural e o respeito às diferenças. Além disso, os movimentos ágeis e acrobáticos desenvolvem a força, o equilíbrio e a coordenação motora.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Promova brincadeiras simples que imitem movimentos básicos da capoeira, como gingar ou rasteira. Use músicas para estimular a participação.
- Ensino Fundamental: Combine prática e teoria. Ensine movimentos básicos, como a esquiva, e explore a história da capoeira em debates ou pesquisas.
- Ensino Médio: Discuta a capoeira como símbolo de resistência cultural e sua relação com a identidade afro-brasileira. Proponha que os alunos pesquisem letras de canções de capoeira e seus significados.
Exemplo prático: Organize uma roda de capoeira com a participação de grupos locais e permita que os alunos interajam com mestres de capoeira, aprendendo sobre a prática de maneira autêntica.

7. Frevo: dança e patrimônio imaterial
O frevo, símbolo de efervescência cultural, é ideal para oficinas de dança com crianças. Inspiradas nos passistas de Recife e Olinda, as atividades podem incluir o uso de sombrinhas e coreografias simples, que trabalham a expressão corporal e resgatam a história desse Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Faça oficinas de dança, ensinando passos simples do frevo e confeccionando sombrinhas de papel.
- Ensino Fundamental: Explore a história do frevo e sua relação com o carnaval. Crie coreografias que as crianças possam apresentar em eventos escolares.
- Ensino Médio: Analise o frevo como expressão cultural e discuta seu reconhecimento como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Proponha debates sobre a importância de preservar tradições culturais.
Exemplo prático: Organize um “festival do frevo” na escola, com apresentações de dança, palestras sobre a história do ritmo e confecção de adereços típicos.
8. Maracatu
O maracatu é uma das mais antigas expressões culturais afro-brasileiras. Trabalhar com crianças por meio da música e dança do maracatu não apenas ensina sobre a história africana no Brasil, mas também promove o respeito pela diversidade cultural. Oficinas de confecção de instrumentos, como tambores de material reciclado, podem enriquecer ainda mais a experiência.
Como trabalhar em sala:
- Educação Infantil: Construa tambores com materiais recicláveis e explore o ritmo básico do maracatu, incentivando as crianças a desfilar como em um cortejo.
- Ensino Fundamental: Organize um projeto interdisciplinar, combinando música (aprendizado dos ritmos), história (origens africanas) e artes visuais (confecção de figurinos).
- Ensino Médio: Discuta o maracatu como resistência cultural e sua relevância na identidade afro-brasileira. Promova pesquisas sobre sua história e apresentações que combinem música e teatro.
Exemplo prático: Monte um desfile temático na escola, com trajes, música e narrativas que expliquem a importância do maracatu.
Confira algumas propostas de brincadeiras, cantigas, parlendas, contos, entre outras, conhecidas especialmente na região Nordeste do Brasil para crianças de 0 a 5 anos de idade.
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Conclusão
As brincadeiras e propostas lúdicas do Nordeste são um elo vital entre tradição e educação. Incorporar essas práticas no cotidiano escolar ou em atividades comunitárias é uma forma eficaz de transmitir valores culturais e desenvolver múltiplas competências nas crianças. Mais do que resgatar a história, essas atividades mantêm vivo o espírito de união e criatividade que caracteriza a região. Que possamos continuar celebrando e preservando a riqueza lúdica e cultural do Nordeste brasileiro!