“Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros mudam as pessoas.” Essa frase de Mario Quintana, considerado um dos maiores escritores do século XX e conhecido como “poeta das singelezas”, nos mostra de forma nada singela o papel essencial da leitura na construção da cidadania.
A literatura é uma das muitas manifestações artísticas do ser humano e dentro dela existem diversos tipos de expressão, como a prosa, a ficção, a poesia, o romance, a literatura técnica, a popular, a de cordel, entre outras. Cada uma dessas expressões tem um objetivo diferente e é pensada para um púbico diferente.
Para os estudiosos dessa temática, a literatura tem diferentes objetivos que são classificados em cinco categorias conhecidas como funções da literatura:
- A função estética busca conquistar o leitor e fazer com que ele perceba e valorize a construção da obra.
- A função lúdica é aquela que remete ao entretenimento e é considerada a primeira função da literatura, porque o mais comum é o leitor buscar uma obra que consiga envolvê-lo.
- Já a função político-social busca representar a realidade. Nela, existem descrições de problemas sociais, assim como críticas, ironias e sátiras desses problemas.
- Na função catártica, o foco é provocar uma reação no leitor, trazendo uma espécie de “explosão de sentimento”.
- Por fim, a função cognitiva é a capacidade de transmitir conhecimentos e aqui se encaixam todas as obras que têm como objetivo principal ensinar algo novo ao leitor.
Em O que é leitura, Maria Helena Martins define de uma forma bem simples e objetiva o que é ler, mostrando que esse ato não é simplesmente um aprendizado qualquer, e sim uma conquista de autonomia, que permite a ampliação dos nossos horizontes. O leitor passa a entender melhor o seu universo, rompendo assim as barreiras, deixando a passividade de lado, encarando melhor a face da realidade, para formar cidadãos capazes de analisar criticamente o mundo ao seu redor.
Com isso podemos concluir que, sem o acesso a esse universo literário, o sujeito tem dificuldades não apenas na interpretação de mundo, mas também no processo de comunicação, diálogo, interpretação dos fatos e acontecimentos à sua volta, além de dificuldades para argumentar.
Tudo isso faz parte da construção da cidadania, afinal ser cidadão é ter consciência de que é um sujeito de direitos; direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade, aos direitos civis, políticos e sociais.
A cidadania há muito tempo deixou de ser simplesmente o direito de votar e ser votado e assumiu a luta pela educação de qualidade, saúde, informação, poder de participação na vida pública, igualdade de oportunidades, entre outros.
O direto à educação inclusive está previso em nossa Constituição Federal de 1988 e reforça que: “esse é um direito de todos e dever do Estado e da família, sendo promovido e incentivado com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Por isso, é essencial despertarmos o interesse pela leitura em crianças e adolescentes para formar cidadãos capazes de analisar criticamente o mundo ao seu redor e exercer plenamente o seu papel de cidadão.
Para ajudar nessa tarefa, a FTD Educação conta com algumas obras que introduzem o conceito de cidadania e estimulam o gosto pela leitura desde cedo.
Confira alguns delas:
De autoria de Guilherme Gontijo Flores e Daniel Kondo, A mancha reconta, em versos ilustrados, um dos piores desastres ambientais da história do Brasil.
Nessa história, Subhash Vyam e Gita Wolf contam sobre um homem que migra de um pequeno vilarejo para a cidade em busca de melhores condições de vida e, por fim, se dá conta de que mais importante do que mudar de lugar é modificar o lugar onde se está.
Nesse livro de Fernando Carraro, Juninho e a turma da escola querem fazer da cidade um lugar melhor para todos. Para isso contam com a ajuda especial da prefeita Mariana.
Fernando Vaz fala sobre os desafios de ser jovem num tempo de repressão política.
Fernando Carraro conta a história de Manuela, que participa de um fórum de políticas públicas e muda a realidade da sua escola.
Referências bibliográficas:
A literatura na construção da cidadania.
Patrícia Rachel Pisani Manzoli, mestranda em Serviço Social pela Unesp de Franca (SP).
Leitura como prática de formação da cidadania.
Gabriela Fagundes Padilha e Fernanda Souza.
A contribuição da literatura para a formação cidadã: uma revisão de Literatura.
Maiza Batista de Oliveira Duarte (Unopar) e Elaine Cristina Mateus (UEL).
Importância da literatura na vida do cidadão, USP Analisa, Rose Talamone.
Qual a importância social da literatura para as novas gerações? Mariana Bortoletti.
Revista de Direito, Arte e Literatura, e-ISSN: 2525-9911, Encontro Virtual, v. 7, n. 1, p. 96-114, jan.-jul. 2021.
Funções da Literatura, Felipe da Silva Lopes.
Por que é importante falarmos em cidadania? Stephanie Espindola.