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Educar é uma viagem: projeto itinerante leva exposição imersiva de Monet para escolas públicas do Brasil 

Por Marcello Miyake

Estimativa de leitura: 6min 29seg

7 de junho de 2023

Programa Educativo Itinerante leva a exposição “Monet À Beira D’Água” para escolas públicas de diversos municípios para criar experiências únicas. 

A arte, em qualquer uma de suas manifestações, é uma das mais genuínas e sinceras formas que a humanidade encontrou para expressar e entender os próprios sentimentos. Por mais subjetivo que seja aquilo que sentimos, essa imaterialidade ganha alguma forma, mesmo que ainda abstrata, ao participarmos de uma canção, dança ou exposição. O vislumbre dessas infinitas possibilidades de aprendizado e expressão é o que um grupo de educadores visa levar às escolas públicas do Brasil por meio do projeto Educativo Itinerante

Crianças participando de uma ciranda. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Como parte da exposição “Monet À Beira D’Água”, o projeto está levando para escolas públicas de diferentes municípios, não apenas materiais sobre o pintor francês, mas também atividades que conectam Arte, Cultura, Tecnologia e Educação. Para Lucca Palmieri, Educador de Campo e Coordenador de Comunicação do projeto, o formato itinerante ajuda a “democratizar o acesso à arte-educação, ao passo que a própria equipe do projeto também cresce com a imersão e troca de saberes que há com a respectiva comunidade local”.  

Até o momento, o Educativo Itinerante atendeu mais de 30.000 estudantes e já passou por mais de 90 municípios nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Paraná. 

Crianças observando reproduções da obra de Monet. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

A iniciativa abrange da Educação Infantil ao Ensino Médio, mas não se limita apenas aos estudantes. Na prática, toda a escola acaba se envolvendo e é normal que a coordenação, os professores e os funcionários também participem das danças, cantos, oficinas e da exibição virtual. Essa integração com toda a escola amplia a imersão na rotina escolar e torna a experiência ainda mais dinâmica e inclusiva. 

Alinhadas às características do movimento impressionista e das obras de Monet, as atividades e oficinas são permeadas pelos quatro eixos temáticos da exposição: água, luz, território e tempo.  

“Elas buscam estimular a criatividade, a imaginação e o pensamento crítico, de modo que os sentidos também são trabalhados de forma simultânea. A partir de uma paleta de atividades que podem ser combinadas ou recombinadas de acordo com o momento, a experiência vai além do visual e evidencia como o som, o silêncio, os corpos e seus respectivos movimentos também nos revelam muito sobre o mundo e a arte”, disse Lucca.  

Menina usando óculos de realidade virtual. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

A jornada se inicia com uma Chegança, tradição popular brasileira que abre o dia de atividades e aquece toda a escola com música, dança e literatura de Cordel. A partir de uma ciranda de roda tradicional, é o momento que os estudantes têm contato com a canção “Ciranda À Beira D’água”, escrita e composta para o projeto por Danilo Tomic, que atua também como Coordenador da Equipe de Campo da exposição. Trechos como “Água, terra, tempo e luz – No pincel do artista – Encanta e seduz” e “Impressionante é o movimento – Um instante e luz – Alma do momento” traduzem bem as características impressionistas presentes na obra de Monet. 

Crianças participando de atividade em grupo. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Após a Chegança, a equipe e os estudantes se dividem, para que passem por atividades rotativas. Enquanto um grupo está no ateliê, por exemplo, outros estão na imersão pelos óculos de realidade virtual.  

No ateliê, esses estudantes têm a oportunidade de desenhar e pintar pequenos quadros inspirados pelo impressionismo e pelos eixos da exposição.  

“A possibilidade de se expressar é um dos fatores que geram maior identificação dos próprios estudantes com as atividades e os temas trabalhados. Os resultados e o talento dos estudantes são impressionantes e as expressões em seus rostos ao serem inspirados pelas paisagens de onde vivem é um fator de grande motivação para toda a equipe”, ressalta Lucca. 

Pequenos quadros pintados pelos estudantes. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Os estudantes também passam por uma galeria imersiva, pré-preparada pela equipe do Itinerante Educativo, onde aprendem sobre o trabalho de curadoria, a montagem de uma exposição e como a arte se mistura com nossos sentidos e enriquece ainda mais a experiência artística. É o momento de compreenderem o poder da natureza, do silêncio, da meditação, do sentimento de impermanência e da ideia de movimento. 

Estudantes participando de atividade com bandeira. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

A etapa de imersão digital, possibilitada pelo uso de óculos de realidade virtual, é motivo de encantamento em muitas pessoas. Os óculos fazem com que os estudantes e a equipe pedagógica sejam imersas no mundo, nas obras e na vida de Claude Monet. São sentimentos únicos que são despertados naqueles que utilizam os óculos e se deparam na perspectiva do pintor francês, envoltos pelos seus quadros em movimento.  

Além de ser um fator importante para a inclusão digital do projeto, esse tipo de inovação estreita cada vez mais as linhas que separam a Tecnologia, a Educação e a Arte. 

Menino usando óculos de realidade virtual. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Em suma, essa iniciativa é um grande exemplo de como podemos (e devemos) buscar formas inovadoras de conectar Arte, Cultura, Tecnologia e Educação, tal como encontrar formas de viabilizar isso para o maior número de pessoas possível, não deixando que a distância restrinja o acesso a esses recursos. 

Estudantes usando óculos de realidade virtual. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Por fim, Lucca também ressalta que o trabalho com determinado local não termina ao fim do dia letivo. É de interesse do projeto que as visitas também gerem conteúdos educativos sobre aquela região, assim como registros que servirão de memória para aquela escola, comunidade e para as pessoas que vivenciaram essas experiências junto aos educadores do projeto.  

“Visitar um local novo, e absorver devidamente sua cultura, é também uma forma de manter viva aquela memória e preservar aquele saber. Os aprendizados que tivemos em cada um dos lugares que visitamos irão continuar com a gente, do mesmo modo que esperamos que as pessoas se lembrem do poder que um pincel pode ter sobre uma tela em branco”, conclui Lucca. 

Crianças participando de atividade em grupo. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

O programa está alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Agenda 2030 e os 5 R’s da sustentabilidade: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar. Para os próximos passos, está a expansão do roteiro para que ainda mais estados brasileiros sejam atendidos e, futuramente, aproveitar o formato itinerante para trabalhar outros temas, movimentos, autores e exposições.  

Estudantes mostrando o trabalho realizado. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Acompanhe o projeto pelo Instagram @educativoitinerante e se você é professor(a), coordenador(a) ou trabalha na Rede Pública de Educação e gostaria de ver o Itinerante na sua cidade, basta se cadastrar para receber atualizações de quando estarão abertas as inscrições para as escolas que desejarem receber o projeto. O cadastro pode ser realizado clicando aqui

Desenhos inspirados na exposição feitos pelos estudantes. Foto: Equipe Educativo Itinerante 

Marcello Miyake
Mineiro de nascimento e coração. Formado em Comunicação Social, atua há 6 anos como redator e roteirista.
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