Educador Gestão Escolar

Carta aberta aos heróis da educação 

Por Leo Fraiman

Estimativa de leitura: 7min 26seg

22 de maio de 2024

Uma homenagem aos educadores que acreditam num futuro melhor

Nem em meus sonhos mais coloridos e divertidos de criança eu poderia imaginar o momento que estou passando. A emoção que explode em meu coração nesta hora, ao compartilhar com você sobre o que eu tenho vivido em relação à Metodologia OPEE, é da mais pura alegria.  

Sim, não somente por saber que estamos hoje presentes em praticamente meio milhão de lares brasileiros. Para se ter uma ideia, isso significaria 10 Maracanãs lotados, ao mesmo tempo, assistindo às nossas aulas de vida, de atitude empreendedora de fé e de esperança no ser humano, nas relações que nos inspiram e transformam para melhor. 

Não somente por pensar que mais de 1.500 instituições de ensino hoje nos honram trabalhando essas temáticas, semanalmente, com seus alunos, para que eles se tornem pessoas melhores. Não os melhores alunos do mundo, mas sim os melhores seres humanos para o mundo.  

Mas não é sobre isso que eu quero falar hoje. Nesse momento, meu coração se enche de alegria para compartilhar um dos momentos mais felizes que vivi nos últimos anos. Estive recentemente na Câmara Municipal de São Paulo – palco de debates tão importantes do nosso mundo democrático – para receber, em nome de toda a equipe da Metodologia OPEE, da Associação Brasileira de Forças Internacionais de Paz, um órgão ligado à ONU, não só o título de membro honorário especial da Associação Brasileira das Forças Internacionais de Paz, pelo setor de Educação, como também uma medalha Nobel da Paz. 

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Isso significa que a OPEE foi reconhecida internacionalmente como uma entidade comprometida com a formação e a cultura de paz. Porque não é importante só acreditar na paz. É importante cultivar a paz. E nada nos traz mais paz do que saber que estamos todos os dias lapidando nossos pensamentos, nossos sentimentos e nossos comportamentos diante de nós mesmos e dos demais.  

É justamente por isso que a OPEE, desde sempre, há mais de 20 anos, trabalha o autoconhecimento, os valores, as virtudes, a inteligência emocional e o desejo de melhorar a si mesmo – porque nós entendemos que a felicidade é sempre colhida nos lábios do outro.  

As pesquisas internacionais hoje apontam que mais do que olharmos para o nosso próprio umbigo, como hoje muitas vezes as redes sociais e as propagandas nos inspiram a fazer, a felicidade é o ato de trazer o nosso melhor ao mundo. Por isso dizemos direta e indiretamente aos nossos educandos: “feliz é aquele que faz feliz o mundo com a sua presença”.  

Ao receber essa honraria, me recordo daquele menino que foi um dia tímido, inseguro, mas ao mesmo tempo muito inquieto, curioso e criativo. Eu questionava tudo e todos. Adorava perguntar: “Por que não? E se? Que tal? Ah, vamos tentar!”.  

Eu era aquele que nas aulas de artes desenhava, às vezes, o céu vermelho. E aí a professora de uma escola tradicional, como é normal que se fizesse, dizia: “Mas o céu é azul, as nuvens são brancas”. E eu, com a minha humildade pueril, simplesmente falava: “Mas e se o céu estiver com raiva?”. Porque, na minha cabeça, às vezes, as nuvens trovejavam de raiva. Os órgãos, os elementos da natureza, tinham sentimentos. As coisas eram repletas de complexidade para mim. Graças a Deus esse menino continua presente dentro de mim.  

Lembro-me como se fosse hoje quando comecei a escrever a OPEE. Do diálogo com diretores e mantenedores, falando sobre os benefícios da metodologia, que até então não era conhecida, porque não havia BNCC, ninguém falava disso. Estou aqui me referindo a um tempo histórico, início dos anos 2000, quando começou, de forma mais intensa, toda uma mudança no mercado de trabalho com reengenharia, downsizing, chegada da tecnologia.  

E quando eu falava dessas questões da formação humana integral e integrada, era preciso gastar quase um balde de saliva para convencer um educador de que ter uma aula sobre autoconhecimento, educação financeira, sustentabilidade, empregabilidade, empreendedorismo, inovação, criatividade e felicidade não era uma perda de tempo. Ou não era deixar de dar uma aula de Física, e sim agregar valor, sentido, inclusive à Física, à Matemática, à História e outros componentes curriculares.  

Vinte anos se passaram, e hoje é uma lei nacional aquilo que para nós sempre foi uma lei: acreditar no potencial humano de transformar a sociedade, por meio não só de sonhos, mas principalmente de projetos de vida, com vida e para a vida. 

Quando cheguei à adolescência, comecei a pegar um gosto especial por ver filmes. Marvel, DC Comics, quadrinhos. Eu gostava de ver heróis como Ayrton Senna, Zilda Arns, Madre Teresa, Nelson Mandela e Martin Luther King, e percebia de forma tácita, delicada e simples, como todos tinham alguns elementos em comum: eles lutavam por aquilo que acreditavam. Eles não se curvavam às opiniões dos outros. Eles sabiam procurar ajuda quando precisavam, seja na batcaverna, para Deus, para um mordomo, para um amigo, para a sua companheira, para os elementos da natureza que sussurravam ideias ou para o mais íntimo do seu coração.  

A jornada do herói, tão bem explorada por Jung, é assim: tudo começa num dia de paz, tranquilidade e serenidade. E aí vêm os desafios, que nos convocam a um sentido, a uma luta, a uma posição diante da dor. Aí é feita a batalha.  

O herói impõe seus equipamentos, suas forças, se supera e luta. Ganha, perde, ganha, perde. Aí vai buscar, no alto da montanha, dentro de si, na natureza ou na divindade, força. Se recupera e vence a batalha. A jornada do herói nunca cessa.  

Nós, como seres humanos, cidadãos brasileiros, como adultos comprometidos com um mundo melhor, somos todos heróis no dia a dia. Você que acompanha o meu trabalho como psicoterapeuta, como educador, como escritor, como pessoa, como Leo, como Leonardo, sabe o quanto acredito na nossa capacidade infinita de construir e reconstruir a nossa existência, por meio de nossas escolhas, por meio de nossa humildade. Sim, porque acredito que é ela, a humildade, a mãe da sabedoria. Quando associamos a humildade, a curiosidade e a criatividade, temos então a tríade transformadora da prosperidade, a mola propulsora da nossa própria evolução espiritual.  

Que esta medalha que hoje encanta minha prateleira e meu coração possa continuar nos inspirando e mostrando que o reconhecimento que hoje recebo é, na verdade, uma conquista de toda uma legião de profissionais da própria OPEE, que acordam todos os dias para percorrer esse Brasil presencialmente, ou por meios digitais, acolhendo, orientando, inspirando e transformando a Educação brasileira. 

É também uma conquista de cada instituição de ensino que disse conosco esse “sim” à vida, “sim, queremos mais”, “sim, queremos melhor”, “sim, queremos dar o passo extraordinário e não nos conformarmos com uma existência ordinária, comum, regular, com a vida ok”.  

Nós queremos o melhor para o mundo, eu sei que você que está aqui comigo e que acompanhou esta breve reflexão também acredita no ser humano. Sejamos humanos capazes de, humildemente, entender que cada um de nós precisa do outro. Sejamos todos, cada um de nós, curiosos para saber o que podemos melhorar dentro de nós mesmos, para sermos presença de amor uns aos outros. Amor que se revela por meio daquilo que falamos, do modo como ouvimos, como gesticulamos e, principalmente, como transmitimos ideias e ideais às novas gerações. Para equipá-las do desejo de realmente levar esse país ao lugar que ele merece. 

O lugar de destaque no cenário nacional e internacional começa com a esperança que é cultivada a cada dia por meio da humildade, da curiosidade e da criatividade. A atividade de criar todos os dias, vencendo a nós mesmos e as nossas próprias dúvidas, a atitude transformadora da vida e do mundo. Vamos juntos. Conte conosco, porque nós precisamos de você. O Brasil, o mundo e Deus precisam de você. 

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Psicoterapeuta, palestrante, autor de mais de 20 livros, criador da Metodologia OPEE, presente em mais de 1.500 escolas pelo Brasil.
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