Entenda como a figura do novo Papa ultrapassa os limites da religião, influenciando questões sociais, políticas e culturais no mundo contemporâneo.
A escolha de um novo Papa sempre chama a atenção do mundo. Para nós, católicos, a pergunta mais frequente é: “O que muda com a chegada do novo Papa? Quais serão os impactos?”. É um momento de grandes expectativas e até mesmo emoções. Para quem não é católico, esta pergunta se repete e desperta o interesse de muitos a respeito do papel do Papa.
Num mundo cada vez mais globalizado, secular (laico) e plural, entender o papel do Papa não é apenas uma questão religiosa. Trata-se de compreender uma liderança que ultrapassa os muros do Vaticano e influencia discussões sociais, políticas e culturais em escala global.
O papel do Papa como líder religioso
O Papa é, antes de tudo, eleito pelo Colégio de Cardeais para a sucessão legítima de São Pedro Apóstolo, bispo de Roma (Código de Direito Canônico, Cânon 331), sua Catedral é a Basílica de São João de Latrão. Pelos efeitos de sua eleição, o Papa é ainda o Chefe de Estado do Vaticano e tem poder pleno, supremo e universal na Igreja Católica Apostólica Romana (Código de Direito Canônico, Cânon 332 §1). Em outras palavras, o Papa é a mais alta autoridade da Igreja Católica em questões de fé, moral e hierarquia.
Ele é o chefe do Colégio dos Bispos (Código de Direito Canônico, Cânon 330), orienta a doutrina da Igreja, as questões morais e éticas, toma decisões que influenciam profundamente a vida de mais de 1,4 bilhão de católicos ao redor do mundo. Seu papel inclui nomear novos bispos (Código de Direito Canônico, Cânon 377§1), governar o Estado do Vaticano (Lei fundamental do Estado do Vaticano, art. 1), promover os diálogos tanto ecumênicos e inter-religiosos quanto entre outros países pelas relações internacionais, diplomacia e até celebração de tratados (Lei fundamental do Estado do Vaticano, art. 2), sempre com apoio do Colégio de Bispos que, em comunhão, o auxiliam.
Como podemos evidenciar, o Papa não é apenas um gestor religioso, mas também uma autoridade governamental, hierárquica, política, pastoral, educativa e santificante. Sim! Autoridades governamental, educativa e santificante que correspondem ao que, na Igreja, classificamos como Múnus, são três: múnus regendi, múnus docendi e múnus santificandi. Traduzindo: exercício de governar, exercício de ensinar e exercício de santificar. Ele é uma figura que representa o rosto espiritual da Igreja no mundo, alguém que fala sobre temas profundamente humanos, como solidariedade, justiça, paz, perdão e cuidado com os mais vulneráveis e aqueles que sofrem. Por meio de documentos oficiais (as famosas encíclicas), homilias, pronunciamentos públicos e gestos simbólicos, o Papa ajuda a guiar os fiéis e a oferecer respostas da fé cristã aos dilemas contemporâneos.
Mesmo entre pessoas que não seguem a religião católica, o Papa é muitas vezes visto como uma voz ética e moral de referência, especialmente em tempos de crise ou quando a humanidade enfrenta grandes decisões coletivas, como naquele tempo fatídico de pandemia de Covid-19, quando, em 27 de março de 2020, o saudoso Papa Francisco, concedeu a bênção chamada Urbi et Orbi (cidade e mundo) na Praça de São Pedro completamente vazia. Um cenário simbólico, ritual e, ao mesmo tempo, inédito e comovente, que evidenciou ao mundo todo o sentido mais profundo da esperança e da fé cristã diante do sofrimento humano. A imagem do Papa solitário diante do vazio tornou-se símbolo de consolo espiritual e união para milhões de pessoas, católicas ou não, que buscaram conforto naquele momento difícil.
(Fonte: Vatican News)
O papel do Papa no contexto social e internacional
A imagem do Papa é de uma simbologia repleta de significados. Ele é o Pontífice, do latim Pontifex, uma alusão etimológica à construção de pontes, ou seja, de conexões. Sua missão deve inspirar diálogos, influenciar economias, políticas, mentalidades e comportamentos, partindo de sua fé e seus conhecimentos. Jamais sozinho, mas com o apoio de seu colegiado, do Magistério Vivo da Igreja, que são os bispos e “não uma coletânea de livros”.
O Papa Francisco, por exemplo, se destacou por seu compromisso com os empobrecidos e a ecologia integral. Leão XIII que inspirou a escolha do nome do novo Papa, Leão XIV, escreveu a Encíclica Rerum Novarum, sobre as condições dos operários, nela ele abordou a questão social no contexto da primeira revolução industrial. O novo Papa, Leão XIV, por sua vez, ao justificar a escolha do nome pelo qual deseja ser chamado, enfatizou a riqueza da doutrina social da Igreja para “responder a outra revolução industrial e ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho”.
Assim são os Papas: profetas dos novos tempos, promotores da paz, dos diálogos, porta-vozes da Igreja, tanto para ela quanto para o Mundo. Eles são todos sucessores de São Pedro Apóstolo e não uns dos outros, como uma sucessão meramente governamental. São Pedro Apóstolo foi quem recebeu as “chaves da Igreja” pelas mãos do próprio Cristo (Mt 16,18-19), foi ele quem ensinou a Igreja a ser assim (1Pd 3,13-17), motivando a prática do bem a fim de que, por isso, sejam reconhecidos.
O Novo Papa: Leão XIV
Robert Francis Prevost Martínez, O.S.A., Cardeal Prevost, Papa Leão XIV, natural de Chicago, Ilinois, EUA, missionário da Ordem de Santo Agostinho, foi bispo emérito de Chiclayo, no Peru e Prefeito do Dicastério para os Bispos, aos 69 anos foi, durante o 3º Conclave eleito o 267º na sucessão de São Pedro Apóstolo e primeiro Papa norte-americano da história.
Leão XIV assume a exigente missão de liderar a Igreja como um Pontífice, um “construtor de pontes”, sua rica experiência com a diversidade cultural certamente irá auxiliá-lo nesta nova jornada. Em seu primeiro discurso, ao parafrasear Santo Agostinho, dizendo que “conosco é cristão e para nós é bispo”, Leão XIV nos aproxima e nos incluí em sua missão, um verdadeiro exemplo de boas práticas pedagógicas, por exemplo, digno de ser imitado por nossas comunidades educativas, tanto aqui na FTD Educação quanto aí, em sua escola, e por nossas Mantenedoras.
O olhar das Escolas Confessionais: educação, valores e missão
É cedo para descrever com clareza os impactos que o pontificado de Leão XIV poderá gerar na Educação Católica e até mesmo secular (laica). Entretanto, a escolha do nome, os primeiros discursos, homilias e sua postura são sinais que permitem rascunhar algumas possibilidades. O nome Leão XIV, por exemplo, apesar de não significar a sucessão de Leão XIII, faz menção a ele apenas como fonte de inspiração. Mas o que esse fato pode sinalizar? Leão XIII, além da Encíclica Rerum Novarum, também escreveu a Encíclica Aeterni Patris que o deixou conhecido pela promoção da filosofia de Santo Tomás de Aquino como base para a filosofia e a teologia cristã. Isso sinaliza um forte indício de que o tema da Educação permeia sua missão.
Para as Escolas Confessionais, sejam elas católicas ou de outras tradições religiosas, a figura do Papa tem um papel simbólico e inspirador de grande relevância. Sua liderança não se limita ao campo espiritual, mas se estende à promoção de valores universais como a dignidade humana, a solidariedade, a justiça e o cuidado com o próximo.
Mesmo em contextos escolares onde há diversidade religiosa ou presença de alunos e famílias não católicas, a atuação do Papa pode ser um ponto de partida para reflexões sobre ética, cidadania, diálogo ecumênico, inter-religioso e construção da paz. Sua voz profética oferece referências que atravessam fronteiras e tocam questões profundamente humanas e educativas.
Conclusão: uma liderança inspiradora
O Papa é a figura de um “construtor de pontes” que conectam: fé e razão, tradição e modernidade, Igreja e sociedade. Sua voz profética tem peso nas discussões éticas globais, sua liderança é modelo digno de ser imitado, sua postura servidora inspira inovações tanto eclesiais quanto governamentais, empresariais, entre muitas outras formas de autoridade e, por isso, compreender seu papel é uma questão de cidadania, não apenas de fé.
Com a chegada do novo Papa, temos uma oportunidade única de renovar olhares sobre a missão da Igreja no mundo, repensar nossos compromissos como educadores e promover espaços de diálogo respeitoso e construtivo dentro das escolas, suas mantenedoras e até mesmo em nossos lares.
É uma honra poder compartilhar com vocês um pouco desta realidade riquíssima de detalhes que envolve a eleição e a missão de um Papa, portanto, vamos interagir! Deixe aqui, por favor, o seu comentário, compartilhe esta leitura com seus amigos e familiares, em sua escola e com seus alunos, em sua comunidade, em seu grupo de estudos.
