Colunistas Enem e Vestibular

Para além dos clássicos: a importância da Educação Multimídia para os estudantes 

Por Marcello Miyake

Estimativa de leitura: 4min 45seg

20 de junho de 2023

Apostar no cinema, na música, nas HQs e em outras mídias pode ser uma solução transformadora para que os estudantes ampliem seus horizontes e estimulem o senso crítico.

Quando realizamos qualquer prova, escrevemos uma redação ou debatemos algum assunto, nosso conhecimento adquirido é posto em prática. Caso tenha estudado a matéria e se preparado, a possibilidade que se saia bem é maior. Caso contrário, terá de contar sua capacidade dedutiva acerca daquele assunto. Em ambos os casos, há uma “carta na manga” com a qual poderá sempre contar para buscar fontes alternativas de informações: o seu repertório pessoal. 

Em uma era na qual a informação é facilmente acessível e difundida por meio de diversos veículos midiáticos, como a música, filmes, livros e conteúdo on-line, a Educação Multimídia desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos estudantes, permitindo-lhes ampliar seus horizontes, adquirir conhecimentos diversos e desenvolver habilidades essenciais para suas vidas. 

Jovem conectada | Foto: Shutterstok

É possível adquirir conhecimento de infinitas fontes, e daí nasce a importância de uma Educação que englobe diferentes formas de mídia que proporcionem aos estudantes uma compreensão mais profunda e abrangente do mundo que os cerca.  

A arte, a música, o cinema e, hoje em dia, até mesmo séries televisivas e jogos eletrônicos podem estimular o pensamento crítico acerca de diversos assuntos ao passo que também nos ensinam sobre diferentes épocas, lugares, culturas e suas histórias. 

Isso se evidencia ao olharmos para a exigência de alguns vestibulares dos últimos anos, que olharam para além dos clássicos romances e contos da literatura, e começaram a pedir que obras contemporâneas fossem consumidas pelos vestibulandos. Foi o que aconteceu quando a Unicamp, na sua lista de leituras obrigatórias de 2020, incluiu o clássico disco de hip hop “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s e o diário “Quarto de despejo”, de Maria Carolina de Jesus.  

Capa do disco “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s. Foto: Divulgação

Entre outros exemplos em vestibulares, está o livro Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, publicado em 2019, que começou a ser exigido por diversas universidades federais e estaduais nos seus respectivos vestibulares. Além disso, a Universidade Federal de Uberlândia exigiu, para seu vestibular de 2022, o filme “Bacurau”, de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles e o álbum musical “A fábrica do poema”, da cantora Adriana Calcanhotto. Na mesma linha, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, também em 2022, exigiu filmes como “Viramundo”, de Geraldo Sarno e “Que Horas Ela Volta?”, da diretora Anna Muylaert. 

Trailer do filme “Que Horas Ela Volta?”, de Anna Muylaert.

Muitas dessas obras, exigidas ou não em vestibulares, desafiam os estudantes a refletir sobre nossa realidade e sobre temas como a desigualdade social, violência, racismo, discriminação, entre outros. Ao ter contato com a arte que é amplamente consumida por diversos grupos sociais, o pensamento crítico e interpretativo dos estudantes é estimulado e suas visões de mundo, ampliadas. 

Ao incorporar uma Educação Multimídia no dia a dia dos estudantes, também os capacita a se tornarem consumidores mais conscientes, os quais consequentemente irão jogar a luz do pensamento crítico sobre aquilo que eles mesmos gostam de consumir fora da sala de aula. Assim, o processo de aprendizado torna-se muito mais divertido e contextualizado para os jovens ao verem que é possível correlacionar aquilo que lhes agrada com as matérias que aprendem. 

Karine Teles em “Bacurau” (2019). GIF: Tenor 

Em suma, ao integrar música, filmes e livros contemporâneos no currículo escolar, os educadores conseguem conectar o conteúdo acadêmico aos interesses e experiências dos alunos, tornando o processo de aprendizagem mais significativo e envolvente. Vale ressaltar que a Educação Multimídia não substitui a importância do ensino tradicional, como a leitura de clássicos da literatura ou o estudo da Matemática e das Ciências. Pelo contrário, ela complementa e enriquece essas disciplinas, tornando-as mais acessíveis e relevantes para os estudantes. 

Book trailer de Quincas Borba, de Machado de Assis. Adaptado por Luiz Antonio Aguiar com ilustrações de Verônica Berta

Ademais, vale ressaltar que até mesmo os clássicos podem ganhar novos formatos com a contemporaneidade. É o caso das adaptações para os quadrinhos de livros como Odisseia, de Homero e Quincas Borba, de Machado de Assis, ou de versões ilustradas, como A Megera Domada, de Shakespeare. Outras formas de leitura também valem a atenção das escolas e estudantes, como audiolivros ou plataformas que integrem o aprendizado e a gamificação, a fim de engajar os estudantes com o conteúdo da grade curricular. 

Portanto, é fundamental que as instituições de ensino e os educadores reconheçam a importância da Educação Multimídia e busquem maneiras de integrar música, filmes e livros contemporâneos em suas práticas pedagógicas. Isso pode ser feito por meio de sistemas de ensino inovadores, que buscam soluções educacionais em fontes alternativas, como na música, no audiovisual e nos games. 

Investir em uma Educação Multimídia é investir no potencial dos estudantes, na sua capacidade de se conectar com o mundo ao seu redor e de se tornarem agentes de mudança. É proporcionar a eles as ferramentas necessárias para compreender, questionar e transformar a sociedade em que vivem. 

Marcello Miyake
Mineiro de nascimento e coração. Formado em Comunicação Social, atua há 6 anos como redator e roteirista.
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