O propósito deste artigo é discutir as culturas infantis. Vive-se em uma sociedade cada vez mais globalizada e intercultural. As crianças constituem-se em lugares nos quais se entrecruzam distintas culturas: as familiares, as escolares, as midiáticas (BARBOSA, 2007). Portanto, torna-se cada vez mais difícil falar em “cultura” no singular. O objetivo central deste artigo é responder às seguintes questões: Crianças pequenas constroem cultura? Existe autonomia nessa construção cultural? O que caracteriza as culturas infantis? A partir da análise da obra de três autores estrangeiros reconhecidos na área, William A. Corsaro, Manuel J. Sarmento e Gilles Brougère, propõe-se uma resposta confluente. Se a cultura for compreendida como uma invenção do cotidiano, sendo o resultado de uma inteligência prática (DE CERTAU, 1995), é certamente possível afirmar a participação das crianças na construção cultural do mundo. Os três autores apontam para uma autonomia relativa das culturas infantis ante a cultura adulta, pois a sociedade contemporânea é altamente hibridizada e, em sua intersecção, cria novos espaços culturais. As culturas infantis são transmitidas e reelaboradas geracionalmente e caracterizam-se por estar relacionadas ao contexto de vida cotidiana das crianças, tendo como base elementos materiais e simbólicos. As culturas infantis emergem, prioritariamente, no convívio de pequenos e permanentes grupos com os quais as crianças realizam atividades em comum, em que repetem suas ações, proposições e reiteram suas conquistas. As culturas infantis também são vinculadas à ludicidade, ao trânsito entre o imaginário e o real tão característico da infância.
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Conteúdo originalmente publicado na Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 14, n. 43, (2014)