Colunistas Dicas Professor

Como promover uma Internet segura para crianças e adolescentes

Por Maiara Lima

Estimativa de leitura: 9min 7seg

12 de junho de 2023

Educação digital começa desde cedo e é responsabilidade de toda a sociedade.  

A Internet hoje é muito mais do que uma grande rede de computadores interligados compartilhando diferentes tipos de informações mundo a fora, ela transformou a nossa sociedade e o modo como interagimos, fazendo parte do dia a dia de todos nós, adultos, crianças ou adolescentes. 

Os smartphones potencializaram ainda mais esse recurso e, o que antes era um privilégio de quem tinha acesso a um computador, virou rotina. Agora contamos com uma ferramenta poderosa na palma das mãos. 

E se nós adultos, que tivemos que aprender a lidar com essa tecnologia, tiramos proveito da sua praticidade para realizar um trabalho remoto, fazer compras online, conversar com alguém do outro lado do globo, assistir filmes e séries, entre muitos outros benefícios, tenha certeza de que as crianças e adolescentes também usufruem de todas as possibilidades que a Internet traz, tendo a vantagem de serem nativos digitais. 

Contudo, assim como ampliou nossos meios de comunicação, expandiu horizontes e reduziu distâncias a um clique, a Internet também abriu espaço para novos riscos, e garantir a segurança de seus usuários é responsabilidade de todos nós.  

Por onde começar 

Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), temos mais de 24 milhões de crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usuários de Internet no país, e 96% dos usuários dessa faixa etária acessam a Internet todos os dias. 

Para esse público a atividade mais realizada é ouvir música, seguida por assistir vídeos, filmes ou séries, pesquisa para trabalhos escolares, envio de mensagens instantâneas, pesquisa por iniciativa própria e conversas por chamadas de vídeo.  

Apesar de ser uma ferramenta que impulsiona o desenvolvimento e aprendizado, trazendo experiências positivas por meio de vídeos e jogos educativos, a Internet também traz experiências negativas como o cyberbullying, a exposição excessiva, os desafios violentos, os conteúdos inapropriados para crianças, a desinformação, os influenciadores digitais irresponsáveis, entre outros. 

Por isso, é necessário falarmos sobre Educação Digital em todas as esferas da sociedade e isso começa assim como a Educação Off-line, desde cedo. 

“Desde os primeiros contatos das crianças com a Internet é necessário orientar sobre comportamentos de risco, contato com estranhos, uso excessivo e sensibilizá-las sobre questões como privacidade, discurso de ódio e desinformação.” 

Para Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet Brasil – associação civil que promove o uso ético e cidadão da Internet – desde os primeiros contatos das crianças com a Internet é necessário orientar sobre comportamentos de risco, contato com estranhos, uso excessivo e sensibilizá-las sobre questões como privacidade, discurso de ódio e desinformação.  

“Sabemos que filhos muitas vezes auxiliam os próprios pais a usar a Internet, por isso, a mediação parental pode ser uma troca, com famílias orientando sobre comportamentos e filhos ensinando sobre como usar ferramentas e dispositivos. Nas escolas, esta é uma temática que deve estar presente transversalmente, como orienta a BNCC e os marcos de Educação e Proteção de Crianças e Adolescentes”, ressalta Guilherme. 

Reprodução: Freepik 

Segundo Guilherme, que também é especialista em projetos de Educação para uso seguro de tecnologias, precisamos ter em mente que os riscos para crianças e adolescentes existem em qualquer ambiente de interação, seja on-line ou off-line. Ele indica que as famílias conheçam as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre o tempo de uso de tela, limitando a exposição dos filhos a um tempo que seja adequado à sua idade (nenhuma tela digital antes dos 2 anos e aumento progressivo de 1 a 3 horas por dia até o final da adolescência), e busquem outros tipos de entretenimento que não apenas o on-line, como jogos, estímulo à leitura em livros físicos e brincadeiras presenciais. 

Outro ponto importante indicado pelo especialista é que a família busque conhecer os interesses dos filhos, quais são os temas que despertam atenção quando usam aplicativos e sites e quais são as interações que eles têm on-line. Essa postura deve ser de cuidado e orientação, já que uma postura invasiva e proibicionista pode afastar o diálogo e mascarar problemas.  

Redes Sociais 

Reprodução: Freepik 

Quando falamos em redes sociais, a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2022, nos indica que dos cerca de 24 milhões (92%) de crianças e adolescentes brasileiros de 9 a 17 anos usuários de Internet, 86% possuem perfil em redes sociais (o que representa aproximadamente 21 milhões).  

Dentre WhatsApp, Instagram, TikTok e Facebook, a rede social mais usada por crianças de 9 a 12 anos é a plataforma de vídeos curtos TikTok, já para os adolescentes de 13 a 17 anos o Instagram é a rede social favorita. 

Todavia é importante ressaltar que essas redes sociais são destinadas a maiores de 13 anos, de acordo com as regras dos próprios aplicativos, e qualquer interação realizada nestas redes antes desta idade deveria ser feita sob supervisão dos pais. 

Sobre esse tema, Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet Brasil, traz várias orientações para a família: 

>> Aprenda sobre as configurações de segurança, crie perfis junto dos adolescentes e busque as configurações mais protetivas (incluindo senhas seguras, autenticação de dois fatores e limite as interações de pessoas estranhas).  

>> Reflita junto com o adolescente: por que criar o perfil, quais os interesses ali, que perigos podemos encontrar, como devemos nos comportar? Também existe a possibilidade de usar configurações de controle parental por algumas redes, como Instagram e TikTok, o que ajuda os pais a controlar, a partir de seus próprios perfis, que tipos de interações e conteúdos serão liberados para os filhos.  

>> Faça tudo em diálogo, mostrando a importância desses cuidados, e sempre acompanhado da compreensão de que à medida que crescem é natural que os filhos busquem mais autonomia, que deve ser conquistada aos poucos.  

>> Estabeleça uma relação de confiança. Como é muito fácil que criem perfis por conta própria, é necessário que se estabeleça a confiança entre famílias e filhos, para respeitar combinados e evitar uma hipervigilância que fere a privacidade do próprio adolescente.  

>> Faça uso das configurações de bem-estar, como as que limitam o tempo de uso diário, os tipos de conteúdos que aparecem, quais pessoas podem entrar em contato com o perfil e as ferramentas de denúncia de conteúdo que viola as diretrizes de cada plataforma. 

>> Relembre os adolescentes de que as redes sociais são espaços públicos, para que evitem o compartilhamento excessivo da própria vida, principalmente informações privadas e dados pessoais. É importante estimular uma Educação que valorize a privacidade, o respeito ao outro e a preservação da intimidade.  

Para aprender 

Felizmente a Internet também disponibiliza diversas iniciativas que promovem a Educação Digital e ensinam crianças e adolescentes a como se proteger. 

Reprodução: portal Internet Segura 

A cartilha Internet Segura é uma delas. Realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (CERT.br) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), o guia traz dicas e orientações para debater o uso seguro da Internet com crianças por meio de jogos, desafios e atividades que apresentam como aproveitar todas as oportunidades que a Internet tem a oferecer. 

O material está disponível em licença Creative Commons que permite compartilhar – copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato, podendo ser usado em sala de aula. 

Também foi criado um material voltado para as famílias na cartilha Internet Segura para os seus filhos, que estimula a aprendizagem de dicas de segurança on-line em família e traz sugestões para que os responsáveis possam orientar crianças e adolescentes a usar a Internet da melhor forma possível. 

No Seja incrível na Internet, do Google, também é possível encontrar dicas que ensinam às crianças os conceitos básicos de segurança e cidadania digital para que elas possam explorar o mundo on-line com confiança, aproveitando a Internet ao máximo por meio de decisões inteligentes.  

Reprodução: Google 

O material reúne os fundamentos para ser incrível na Internet com direcionamentos como: compartilhe com cuidado, não caia em armadilhas, proteja seus segredos, seja gentil e na dúvida fale com alguém, além do Interland, que apresenta uma aventura on-line com quatro jogos desafiadores ensinando as principais lições de segurança digital na prática. 

O Google também preparou um conteúdo direcionado aos educadores no Currículo do Seja Incrível Na Internet que oferece as ferramentas e os métodos necessários para ensinar os conceitos básicos da segurança digital. 

Reprodução: SaferNet Brasil 

Recentemente a Safernet Brasil e o Governo do Reino Unido, no âmbito do Programa de Acesso Digital (DAP, na sigla em inglês), criaram a Disciplina Cidadania Digital como uma estratégia para apoiar escolas, professores e estudantes na busca por um currículo que prepare para o uso seguro, responsável, ético e positivo das tecnologias.  

O projeto é gratuito e pode ser levado para escolas públicas e privadas. São 5 módulos e 40h de planos de aula completos, incluindo slides, vídeos e conteúdos complementares, para que professores de qualquer área de conhecimento possam levar o tema para a sala de aula, usando metodologias ativas que convidam os estudantes a refletir sobre seus comportamentos on-line e buscar soluções. As aulas são sugeridas para os anos finais do Ensino Fundamental (8º e 9º ano) e também do Ensino Médio (1º, 2º e 3º ano). 

Os temas abordados envolvem bem-estar e saúde emocional on-line, privacidade e segurança digital, respeito e empatia nas redes, desinformação, proteção à intimidade e combate ao abuso e exploração sexual. A disciplina é oferecida por professores da própria instituição interessada, que contam com apoio da Safernet Brasil antes e durante a aplicação. 

Os educadores que tiverem interesse em aderir ao projeto podem fazer adesão clicando aqui

Maiara Lima
Há mais de 10 anos, atua como jornalista, produtora de conteúdo e entusiasta da Educação. Ama cultura pop e falar pelos cotovelos.
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