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Abordando Comunicação Não Violenta e Inteligência Emocional nas escolas

Por Bárbara Barbero

Estimativa de leitura: 8min 56seg

13 de julho de 2023

Como essas duas abordagens podem contribuir na formação de uma sociedade mais humanizada. 

Os últimos acontecimentos em ambientes escolares têm deixado pais e educadores assustados. Em um espaço tão didático e de tanta troca, ver cenas de violência e desrespeito nos causam muita tristeza e frustração. Será que é possível levar uma abordagem mais empática e humanizada para as salas de aula, contribuindo na formação de uma sociedade mais humanizada? É sobre esse assunto que iremos discorrer ao longo deste artigo. 

Reprodução: Pexels

Alguns educadores e psicólogos defendem que as escolas deveriam abordar Inteligência Emocional e Comunicação Não Violenta com seus estudantes. Isso porque, naturalmente, somos condicionados a reprimir nossas emoções, em especial as negativas. Dependendo do ambiente familiar em que se cresce, a criança não é estimulada a se expressar ou não é ouvida, o que faz com que ela guarde para si seus sentimentos, sem ter a oportunidade de lidar com estes. Como consequência, quando a carga emocional se torna grande, ela explode. E essa explosão é o que preocupa os profissionais. 

O ambiente escolar é um espaço de troca e aprendizados, sendo o lugar ideal para que as pessoas possam lidar umas com as outras e também consigo próprio. As tarefas em grupo, por exemplo, são importantes para essa troca e o autoconhecimento. Mas, sem as abordagens corretas e um profissional treinado, alguns comportamentos podem ser reforçados dentro e fora da escola. 

Dentro da escola temos a oportunidade de conviver com diferentes culturas e personalidades, quebrando paradigmas e construindo novas realidades com base em informação e vivência.  

O que é a Inteligência Emocional? 

Reprodução: Pexels 

A Inteligência Emocional é a capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as emoções, tanto em si mesmo quanto nos outros. O estudo foi popularizado por Daniel Goleman na década de 1990 e desde então tem sido amplamente estudado e aplicado em diversas áreas, incluindo a Educação e Desenvolvimento pessoal. 

Abordar esse estudo dentro da sala de aula traz diversos benefícios para os estudantes, pois envolve várias habilidades-chave, como a autoconsciência, autorregulação, automotivação, empatia e habilidades sociais. Cada uma dessas habilidades possui um papel fundamental para o autoconhecimento e relações sociais. 

>>Autoconsciência: É a capacidade de reconhecer e compreender as próprias emoções, incluindo a consciência dos sentimentos, pensamentos e reações que surgem em diferentes situações. 

>>Autorregulação: Refere-se à capacidade de controlar e gerenciar as emoções de forma adequada. Isso envolve lidar com o estresse, controlar impulsos, adotar uma abordagem equilibrada diante das situações desafiadoras e manter a calma em momentos de pressão. 

>>Automotivação: É a habilidade de direcionar as emoções de forma a se motivar e persistir em busca de metas, apesar dos desafios que possam surgir. Isso envolve ter um senso de propósito, estabelecer metas realistas e ser capaz de lidar com a frustração e o fracasso. 

>>Empatia: É a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreender suas emoções e perspectivas. Envolve ouvir atentamente, mostrar interesse genuíno nas experiências dos outros e ser sensível às suas necessidades emocionais. 

>>Habilidades sociais: Refere-se à capacidade de se relacionar e interagir de forma eficaz com os outros. Isso inclui habilidades de comunicação, resolução de conflitos, trabalho em equipe, liderança e influência positiva. 

O que é a Comunicação Não Violenta? 

Reprodução: Pexels 

A Comunicação Não Violenta é uma abordagem que busca promover o respeito, a empatia e a construção de relacionamentos saudáveis. Ela se baseia nos princípios da não violência, do diálogo e da resolução pacífica de conflitos. 

Essa abordagem, no ambiente escolar, reconhece a importância de criar um espaço educacional seguro, acolhedor e inclusivo, onde os estudantes se sintam valorizados e respeitados como indivíduos. A Comunicação Não Violenta busca ir além da simples transmissão de conhecimento, com foco no desenvolvimento emocional, social e ético dos estudantes. 

Princípios fundamentais da Comunicação Não Violenta incluem: 

#Comunicação respeitosa: Promove o diálogo aberto e respeitoso entre educadores e estudantes. Valoriza a escuta ativa, a empatia e a expressão consciente de sentimentos e necessidades. 

#Resolução de conflitos de forma pacífica: Ensina estratégias de resolução de conflitos baseadas na não violência, como a negociação, o diálogo e a mediação. Incentiva os estudantes a desenvolver habilidades de comunicação e empatia para resolverem seus desentendimentos de maneira construtiva. 

#Valorização da diversidade e inclusão: Promove o respeito à diversidade cultural, étnica, religiosa, de gênero e de habilidades individuais. Busca criar um ambiente inclusivo, onde cada estudante se sinta valorizado e aceito. 

#Cultivo de empatia e compaixão: Incentiva o desenvolvimento da empatia, tanto pelos educadores quanto pelos estudantes, para que possam compreender e se conectar com as experiências e sentimentos uns dos outros. Valoriza a compaixão como um princípio orientador nas interações diárias. 

#Autonomia e responsabilidade: Estimula o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade nos estudantes, encorajando-os a tomar decisões informadas e assumir a responsabilidade por suas ações. 

Como aplicar essas duas abordagens em sala de aula? 

Agora que já introduzimos um pouco sobre cada abordagem e seus princípios, vamos trazer alguns pontos que podem ser levados para o ambiente escolar, estimulando o autoconhecimento e promovendo um espaço de mais escuta e acolhimento. 

Embora a escola tenha um papel muito importante na formação do ser humano, é importante lembrar que o ambiente familiar é o maior responsável na construção da personalidade e caráter da criança. Por isso, é importante que haja também um espaço de acolhimento e diálogo com os responsáveis, para que todos os ensinamentos aplicados em sala de aula possam continuar sendo estimulados e desenvolvidos também dentro de casa. 

#Cultive a autoconsciência emocional: Como educador, esteja consciente de suas próprias emoções e comportamentos. Pratique a autorreflexão para entender como suas emoções afetam sua interação com os estudantes. Isso ajudará a criar um espaço mais seguro e respeitoso. 

#Promova a comunicação respeitosa: Incentive a comunicação aberta e respeitosa em sala de aula. Estimule os estudantes a expressarem seus sentimentos e necessidades de maneira adequada, por meio de discussões estruturadas, círculos de diálogo ou atividades de escrita reflexiva. 

#Ensine habilidades sociais e de resolução de conflitos: Dedique tempo para ensinar habilidades de comunicação eficaz, como escuta ativa, expressão de sentimentos de forma construtiva e resolução pacífica de conflitos. Promova a empatia e a compreensão mútua, permitindo que os estudantes pratiquem essas habilidades em situações reais. 

#Crie um ambiente inclusivo: Valorize e celebre a diversidade na sala de aula. Promova discussões sobre a importância do respeito a diferentes pontos de vista, culturas e experiências. Encoraje a participação de todos os estudantes e crie oportunidades para que eles compartilhem suas histórias e perspectivas. 

#Desenvolva práticas de autorregulação emocional: Ensine técnicas de autorregulação, como a respiração profunda, o relaxamento muscular e o reconhecimento e a aceitação de emoções. Incentive os estudantes a identificarem suas emoções e a encontrar estratégias saudáveis para lidar com elas. 

#Incorpore a Inteligência Emocional no currículo: Integre atividades e discussões relacionadas à Inteligência Emocional em diferentes matérias. Por exemplo, discuta a importância da empatia e da comunicação eficaz em aulas de literatura, ou ensine estratégias de autorregulação emocional durante aulas de Educação Física. 

#Promova o trabalho em equipe e a colaboração: Incentive projetos em grupo e atividades cooperativas que exijam a colaboração e a resolução de problemas em equipe. Isso ajudará os estudantes a desenvolver habilidades sociais, como a escuta ativa, o respeito às opiniões dos outros e a negociação. 

Leia com seus alunos 

Depois de algum tempo lidando com alunos e responsáveis, pode parecer uma tarefa simples adotar essas abordagens em sala de aula, mas é um desafio diário. Para te ajudar nessa tarefa, separamos uma lista com alguns livros para ler com seus alunos. 

>>Para crianças: 

Ratinhos e Balões – Lucia Reis 

Aborda situações e sentimentos com ilustrações divertidas e ajuda no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. 

Mariana do Contra – Rose Sordi 

Mariana é uma garota muito criativa, que enxerga o mundo da sua própria maneira. A história nos mostra que existem muitas formas de ver, pensar, sentir, imaginar, criar e inventar. 

Mamãe tá careca – Juliana Vermelho Martins 

Um dia, a jovem mãe Mônica é diagnosticada com câncer de mama. Cheia de incertezas, mas mantendo a esperança, ela consegue ajudar os filhos pequenos a compreenderem a situação e a enfrentar o medo da morte. 

>>Para adolescentes: 

Em busca de mim – Isabel Corrêa Vieira 

Bruno é um adolescente que descobre ser filho adotivo. Apesar de ser muito amado, ele decide ir em busca de conhecer sua origem. No caminho, ele é confrontado com uma realidade muito dura que o tira de sua zona de conforto. 

Como é duro ser diferente – Giselda Laporta Nicolelis 

Layla tem uma vida confortável, mas alguns problemas a perturbam: não é tão bonita quanto deseja; tem o cabelo mais crespo do que gostaria; vive entre os “diferentes”, mas gostaria de fazer parte da galera “certinha”. O convívio com os colegas faz Layla perceber que existem problemas mais sérios que os seus, e sua vida dá uma reviravolta. 

Um mundo melhor para todos – Fernando Carraro 

Após seu pai perder o emprego, Isabela sugere aos seus colegas na escola, durante a Semana Economia e Vida, que todos ajudassem suas famílias no orçamento doméstico. Outros temas também são abordados neste livro, como consumismo, preservação ambiental e trabalho infantil, mostrando o quanto a construção de um mundo melhor é responsabilidade de todos nós. 

Lidar com nossas emoções pode ser uma tarefa difícil, e mais ainda quando nos colocamos no lugar do outro. Mas com informação e autoconhecimento, conseguiremos preparar os alunos para conviver mais pacificamente em sociedade, nas relações pessoais e no mercado de trabalho. A chave para combater a violência é a Educação! 

Bárbara Barbero  
Graduanda em jornalismo pelo Faculdade Católica Paulista e estudante de teatro. Ama gatos, arte e as palavras.
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