Em pauta

Representatividade negra na Arte

Por FTD Educação

Estimativa de leitura: 5min 11seg

4 de novembro de 2022

Em 2018, quando a Marvel fez o primeiro filme de um super herói negro – Pantera Negra – o sucesso de bilheteria conquistado não foi apenas mérito do filme, e sim o seu impacto cultural, pois foi um grande avanço na questão da representatividade negra nas telas do cinema.  

O longa, que contou com diretor, roteirista e elenco majoritariamente negro, permitiu que a população negra se enxergasse, fosse empoderada e se sentisse representada positivamente em um universo conhecido por promover o “whitewashing“, um termo para a escalação de brancos em papéis que deveriam pertencer a atores de outras etnias ou a decisão de colocar sempre um personagem branco como herói, mesmo em histórias que se passam em outra cultura ou país. 

via GIPHY

A arte tem a sua contribuição, pois a representatividade é um fator construtivo de sociedades para garantir as diferenças, diversidade e a pluralidade política, social e cultural. Portanto, quando as minorias, sejam mulheres, negros, LGBTQIA+ passam a ocupar outros espaços e se apresentam de forma plural e menos estereotipada, permite-se a criação de um imaginário com mais diversidade e conseguimos reverter exemplos negativos. 

É essencial para a formação da identidade racial e da autoestima da população negra (que compõe a maioria de nós brasileiros) que possam se reconhecer naqueles que estão em evidência e representam a todos nós nas diversas áreas e segmentos: esporte, artes, negócios, ativismo, política, literatura, entre outros. 

Considerada um expoente da literatura brasileira contemporânea, a escritora Conceição Evaristo, por exemplo, traz em suas escrivivências – termo que cunhou para designar a sua escrita – relatos valiosos do cotidiano como instrumentos de denúncia das opressões raciais e de gênero, mas também para a recuperação da ancestralidade da negritude brasileira.  

Já uma das primeiras autoras negras publicadas no Brasil, Carolina Maria de Jesus, se tornou uma best-seller, em seu livro de estreia “Quarto de despejo”, por retratar a realidade cruel de sua vida atravessada pela miséria e pela fome, e por apresentar um país racista, esfomeado e sombrio, que não aparecia na grande mídia.  

Para além desses relatos, a representatividade negra é de extrema importância também na Educação e na Literatura infanto-juvenil, tendo respaldo na Lei 10.639, que garante a inclusão da história e cultura africana e afro-brasileiras nos currículos escolares de todas as redes de ensino do país.  

O Brasil ainda é fortemente influenciado por padrões coloniais e europeus, apesar de ser uma nação que se ergueu e se nutriu a partir de influências culturais, ancestrais e religiosas de povos de diversas origens. Por isso é preciso que haja um esforço de todos que lutam contra o preconceito racial, para promover a popularização de uma literatura infantil com foco em histórias e personagens negros que retratam a beleza de suas realidades e a valorização da cultura negra. 

Ações como estas são urgentes para que possamos minar a discriminação racial que prejudica a população negra indistintamente, sendo as crianças pequenas as primeiras a sentirem esses efeitos.  Para combatermos o racismo estrutural é necessário a universalização dos direitos humanos, o fortalecimento do movimento negro e de outros movimentos sociais antirracistas e de defesa de direitos, a redução das desigualdades socioeconômicas, o compromisso de pessoas não negras com o combate ao racismo, a criação de ações afirmativas para correção das desigualdades raciais e a promoção da igualdade de oportunidades. 

Dessa forma, poderemos criar ambientes e realidades nos quais todos se sintam representados e, por meio do exemplo, nossas crianças e adolescentes negros também possam crescer confiantes, cientes de seu próprio valor e com espaço para adquirir habilidades e conhecimentos, a fim de construir a sua própria identidade. 

Aqui na FTD Educação, temos diversos títulos que valorizam a cultura negra e dão espaço para aprendermos sobre a questão racial. 

Confira alguns deles: 

Gente de cor, cor de gente 

Do escritor Mauricio Negro, o livro-imagem parte do eufemismo “gente de cor” para tratar de questões urgentes, como preconceito, tolerância e diversidade, trazendo a conclusão de que somos todos seres humanos e compartilhamos das mesmas angústias, desejos, felicidades e tristezas. 


Em Angola tem? No Brasil também.

Nesse livro, Rogério Andrade Barbosa, nos apresenta a amizade de dois garotos, um no Brasil e o outro em Angola, que aos poucos vão descobrindo o porquê de suas culturas, modos de vida e religiosidade possuírem tanta coisa em comum. 


Felicidade não tem cor 

Em Felicidade não tem cor, de Júlio Emílio Braz, acompanhamos a jornada de autoaceitação de Fael, um garoto que sofre bullying por causa da cor de sua pele. 


Histórias africanas 

Neste livro, Ana Maria Machado, uma das nossas maiores escritoras, reconta quatro histórias tradicionais africanas revelando a riqueza cultural dos povos africanos. 


Luana, a menina que viu o Brasil neném 

No primeiro livro da série de aventuras de Luana, do escritor Aroldo Macedo, somos transportados ao dia do descobrimento do Brasil e junto com Luana aprendemos sobre o valor da cultura e das diferentes raças na formação do nosso povo. 


Referências bibliográficas: 

  • Representatividade: o que isso significa? Por Rani Andrade 
  • Site: Politize 
  • Representatividade na literatura importa. Por Camilla Dias 
  • Site: Alma preta 
  • Representatividade negra na literatura é instrumento de afirmação política. Por Diego Barbosa 
  • Site: Geledes 
  • Mundo Educação: Carolina Maria de Jesus 
  • A importância da representatividade negra na literatura infantil. Por Lídia Carlos Vieira 
  • Racismo, educação infantil e desenvolvimento na primeira infância [livro eletrônico] / Comitê Científico do Núcleo Ciência Pela Infância. – São Paulo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, 2021. 
  • Site: NCPI 

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