O livro O amanhã cheio de histórias traz breves histórias de Ignácio de Loyola Brandão, Maria Valéria Rezende Itamar Vieira Junior, Socorro Acioli e o angolano Ondjaki que se passam nas mais diversas regiões do Brasil e em Angola e tratam de temas como bullying e gravidez precoce.
Como abordar, em um único livro, as principais questões da juventude, com seus medos, anseios e sonhos sob um viés diferente e atual? Guiada por esse desafio, a escritora e jornalista Joselia Aguiar criou, em parceria com a FTD Educação, um projeto literário juvenil que convida o leitor a acompanhar os desafios da vida de protagonistas que vivem em diferentes cenários brasileiros, sejam eles urbanos, sejam rurais ou praianos, e assim despertam a empatia e aproximam os jovens leitores da literatura.
O amanhã cheio de histórias reúne contos inéditos de autores de renome da Língua Portuguesa, como Ondjaki, de Angola; Ignácio de Loyola Brandão, do interior paulista; a santista Maria Valéria Rezende, que vive na Paraíba; a cearense Socorro Acioli; Itamar Vieira Junior, da Bahia; Eliana Alves Cruz, do Rio de Janeiro; a paraense Paloma Franca Amorim; e a mineira Isabela Noronha. A obra apresenta diferentes estilos literários, como cartas e peça de teatro, e as histórias são acompanhadas de um trabalho rico em cores, formas e diversidade do ilustrador Fabrizio Lenci.
“Existem dois pontos-chave para a estruturação da antologia. O primeiro é que todos os contos têm protagonistas jovens em um processo de aprendizagem diante de uma situação desafiadora, e o segundo é a vontade de reunir contos que transmitam esperança aos jovens. Eu queria construir um livro que pudesse auxiliar a Joselia que fui aos 14 anos de idade”, destaca a curadora da obra, Joselia Aguiar.
Todos os contos foram feitos por encomenda, e os autores tiveram de três a quatro meses para elaborá-los. Cada escritor e escritora recebeu o pedido para criar protagonistas jovens e cerca de duas linhas, com um conflito, para desenvolver uma história. O restante foi pura imaginação.
Os textos apresentam um rico e variado trabalho de linguagem, e seus protagonistas são jovens que vivem a poderosa experiência dos afetos em plena adolescência. Em meio às dificuldades materiais, ao sentimento de inadequação e ao bullying, há sempre um amigo, uma professora ou um familiar para dar conforto, estender a mão, servir de exemplo, apaziguar a angústia e sugerir caminhos.
Personagens de diferentes origens sociais e características descobrem muito sobre si mesmos, na interação com aqueles que os cercam e com o ambiente em que vivem. Esta antologia, que nasce das vivências de talentosos nomes da literatura, coloca o jovem no centro de questões importantes da sociedade e pinta uma paisagem humana colorida e repleta de esperança no que está por vir.
“Busquei autoras e autores contemporâneos que tivessem vocação para escrever contos que funcionassem para os jovens. Tive a preocupação de trazer pessoas de várias regiões e estilos diversos. Esta diversidade de autores nos ajudou a tornar a antologia muito abrangente quanto ao perfil dos narradores, dos lugares onde vivem e dos tipos de conflito”, completa Joselia.
Os textos abordam questões importantes e complexas da adolescência, como vocação profissional, no conto “Aulas de teatro”, de Ondjaki; bullying, presente na narrativa de “Novata”, de Itamar Vieira Junior; gravidez precoce, assunto do conto “As verdades de Vivi Starobinas” , de Isabela Noronha; e até pandemia da Covid-19, em “Meu irmão Pelédson”, de Maria Valéria Rezende. Já a mensagem de esperança e superação permeia toda obra.
“Esta antologia, que nasce do encontro de vivências de talentosos nomes da literatura contemporânea em Língua Portuguesa, coloca o jovem no centro de questões importantes da sociedade e pinta uma paisagem humana colorida e repleta de expectativa na vida. É um privilégio para os jovens leitores de hoje terem uma antologia dessa nas mãos”, analisa Camila Saraiva, editora de literatura da FTD Educação.
Conheça os autores:
liana Alves Cruz (Rio de Janeiro, RJ) é jornalista e escritora. Seu romance de estreia, Água de barrela (2016), baseado na história de sua família desde os tempos da escravidão, venceu o prêmio Oliveira Silveira, promovido pela Fundação Cultural Palmares. Destacou-se com os romances O crime do cais do Valongo (2018) — semifinalista do prêmio Oceanos —, que combina narrativa histórica e policial e se passa entre Moçambique e Rio de Janeiro, e Nada digo de ti, que em ti não veja (2020), uma história de amor e romance histórico. Também é autora de contos e poemas publicados em antologias como Cadernos Negros (volumes 39 e 40), Novos poetas (2017) e Do Índico e do Atlântico: contos brasileiros e moçambicanos (2018). Para o público infantil, publicou A copa frondosa da árvore (2019).
Ignácio de Loyola Brandão (Araraquara, SP) escreve romances, contos, crônicas e biografias. Em meio século de trajetória literária, publicou mais de quatro dezenas de títulos para leitores de todas as idades, como Zero (1975), Não verás país nenhum (1981) e O menino que vendia palavras (2007). Recebeu prêmios como Jabuti, Machado de Assis, APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e Juca Pato (da União Brasileira de Escritores). Em 2019, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Isabela Noronha (Belo Horizonte–, MG) é jornalista e escritora, com mestrado em Criação Literária pela Universidade Brunel, na Inglaterra. Com o livro infantojuvenil Adeus é para super-heróis (2013), recebeu o prêmio Barco a Vapor. Seu romance de estreia, Resta um (2015), uma trama psicológica e de suspense sobre uma mãe que busca a filha desaparecida, venceu o Curtis Brown Prize e foi finalista do prêmio São Paulo de Literatura para autores estreantes com menos de 40 anos. Leciona escrita criativa no programa de formação de escritores do Instituto Vera Cruz, em São Paulo.
Itamar Vieira Junior (Salvador, BA) passou a infância entre Bahia, Pernambuco e Maranhão, e estreou com os volumes de contos Dias (2012) e A oração do carrasco (2018) — vencedor do prêmio Humberto de Campos, da União Brasileira de Escritores (seção Rio de Janeiro), e finalista do Jabuti. Seu primeiro romance publicado, Torto arado (2019), é a história de duas irmãs numa comunidade quilombola da Chapada Diamantina, na Bahia. A obra venceu o prestigioso prêmio português Leya (2018), o prêmio Oceanos (2020) e o Jabuti de melhor romance literário (2020). O autor tem contos publicados em francês, inglês e espanhol, além do romance traduzido para o italiano. É geógrafo por formação e doutor em Estudos Étnicos e Africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Maria Valéria Rezende (Santos, SP) dedicou-se ao trabalho de Educação popular desde a juventude e iniciou sua trajetória literária às vésperas de completar 60 anos. Desde então, tem sido prolífica e premiada, com obras para todas as idades lançadas também em Portugal, França e Espanha. Entre os destaques, estão O voo da guará vermelha (2005), Ouro dentro da cabeça (2012), Quarenta dias (2014), Outros cantos (2016) e Carta à rainha louca (2019). Venceu prêmios como Jabuti, São Paulo de Literatura e Casa de las Américas.
Ondjaki (Luanda, Angola) é prosador e poeta, tendo se destacado, no Brasil, com títulos como Bom dia, camaradas (2001) e AvóDezanove e o segredo do soviético (2008), vencedor do Jabuti na categoria Juvenil. Entre os prêmios internacionais, recebeu por Os transparentes (2012) o Prêmio Literário José Saramago, em Portugal. Sua obra já foi traduzida para o inglês, o francês, o espanhol, o italiano, o alemão, o sérvio, o sueco, o chinês, o suaíli e o polonês. Também escreve para o teatro e o cinema.
Paloma Franca Amorim (Belém, PA) é licenciada em Artes Cênicas pela Universidade de São Paulo (USP) e lançou seu primeiro livro de contos, Eu preferia ter perdido um olho, em 2017. Atua também como pesquisadora e crítica de artes cênicas, além de educadora e artista visual, tendo sempre a literatura como apoio criativo e de reflexão. No momento, está preparando a publicação de um romance e de um livro de poemas.
Socorro Acioli (Fortaleza, CE) é escritora e jornalista, com mais de vinte títulos publicados, entre romances, biografias e obras infantis e infantojuvenis. Com Ela tem olhos de céu (2012), venceu o Jabuti na categoria de Literatura Infantil. A cabeça do santo (2014), seu primeiro romance, teve edições nos Estados Unidos, na Inglaterra e na França. É bacharel em Comunicação Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com doutorado em Estudos de Literatura pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
