Imagine algo muito frio, escuro, antigo e tão grande que parece não ter fim. O que pode ser assim?
Se ainda não desvendou o enigma, aqui vai a última pista: até onde sabemos, somos os únicos que nele vivemos.
E aí, adivinhou?
Como educadores, sabemos que a abordagem de um tema pode ocorrer de diversas maneiras, e quanto maior seu potencial para estimular a curiosidade, mais eficazmente os objetivos podem ser alcançados. Neste quesito, assuntos que envolvem o Universo são os campeões, e podem ser trabalhados em qualquer disciplina.
Mas, o quão curioso pode ser o Universo? Como ele pode contribuir para o aprendizado dos estudantes? Darei um exemplo.
Certa noite, enquanto olhava para o céu, percebi um brilho parecido com uma estrela, mas que se movia rapidamente. Ciente que estrelas não apresentam este comportamento diante de nossos olhos, sugeri que aquele objeto seria um dos milhares de satélites que orbitam nosso planeta. Era o reflexo de suas superfícies metálicas ou espelhadas que permitia acompanhar sua órbita.
Ao meu lado estava minha filha, na época com cinco anos, entretida com suas brincadeiras. Como educador e biólogo fascinado pela vida e pelo Universo, compartilhei imediatamente com ela minha pequena descoberta. Ela voltou os olhos para o céu e, de maneira ágil, encontrou a “estrelinha em movimento”. A partir deste instante, o Universo desempenhou seu principal papel: instigar a curiosidade natural de uma criança. Por sua vez, a curiosidade também cumpriu sua função ao ativar mecanismos que, segundo a neurociência, buscam dissipar as incertezas procurando por respostas até que a mente esteja plenamente satisfeita com as informações obtidas. Essa dinâmica é tão natural quanto buscar por água quando estamos com sede.
Contudo, para haver respostas devem existir perguntas, que rapidamente foram realizadas.
— É uma estrela ou um planeta, papai?
— É um satélite, filha.
— O que é satélite?
— Satélite é um instrumento feito pelo ser humano com diversas finalidades: auxilia na análise das condições do tempo, possibilitando prever se choverá ou não; transmite sinais para ser possível ver a televisão e manter a internet do celular funcionando, por exemplo.
— Ah, tá.
Neste ponto, a curiosidade da minha filha já havia sido sanada pela Ciência, uma pacificadora de mentes que buscam o conhecimento. Mas, como o Universo é fascinante o suficiente para gerar infinita curiosidade, e essa por sua vez é o combustível propulsor de questões que nos levam cada vez mais longe, resolvi continuar nossa viagem. Então, perguntei:
— Como será que o satélite foi parar lá em cima, filha?
— Voando, ué!
— Isso mesmo, ele foi lançado ao espaço por meio de um foguete. Sabia que os satélites podem tirar fotos lindas lá de cima?
— Sério?
— Sim. Da Terra e do Universo. Quer ver?
— Quero!
Então, peguei meu celular e a levei para uma viagem pelo Universo, iniciando com imagens da Terra, passando por planetas, luas, cometas, asteroides e estrelas, até as últimas e coloridas imagens de nebulosas capturadas pelo telescópio James Webb. Durante nossa “viagem”, outras tantas questões surgiram, e pude confirmar o quão curioso é o Universo, e como ele pode ser extremamente didático.
Na vastidão do universo educacional, tudo se desdobra numa intricada teia de possibilidades quando se aprende a enxergar além do óbvio. A Educação transcende os limites do conhecido, desafiando-nos a explorar horizontes além das fronteiras do familiar.
Na Educação, o verdadeiro aprendizado começa quando aprendemos a olhar além.
Ao olharmos para além do convencional, descobrimos que a verdadeira aprendizagem não consiste na simples aquisição de fatos e números. Ela reside na capacidade de compreender, questionar e conectar ideias de maneiras inovadoras. Na Educação, é crucial cultivar uma visão que ultrapasse o imediatismo, abraçando o potencial transformador do pensamento crítico e da criatividade.
Enxergar além significa reconhecer a diversidade de aprendizes e suas necessidades únicas. Cada estudante é um universo em si mesmo, com habilidades, talentos e desafios singulares que precisam ser descobertos e potencializados.
Então, como diria Buzz Lightyear: “Ao infinito e além!”