Veja como o ensino religioso interconfessional oferece uma chance de compreender e promover um diálogo autêntico e respeitoso sobre a diversidade religiosa.
No panorama educacional contemporâneo, o debate sobre o Ensino Religioso tem ocupado um espaço significativo.
Este ensino não se restringe apenas à transmissão de conhecimento teológico, mas também desempenha um papel crucial na formação dos valores e da identidade dos estudantes.
Em um mundo diverso e plural, a discussão sobre a inclusão da religião nos currículos escolares assume uma relevância tanto cultural quanto educacional.
Podemos observar que em muitos países, especialmente aqueles com sistemas democráticos e laicos, como o Brasil, o Estado é geralmente obrigado a manter uma posição neutra em relação a questões religiosas. Isto significa que ele não deve favorecer nem discriminar nenhuma religião em particular.
A laicidade do Estado visa a garantir igualdade de tratamento e respeito pela diversidade religiosa entre os cidadãos.
Ao mesmo tempo, é amplamente reconhecido que a religião desempenha um papel significativo na formação da cultura e da identidade de muitas comunidades ao redor do mundo.
As tradições religiosas influenciam valores morais, práticas sociais, arte, literatura e história. Negligenciar completamente esse aspecto pode resultar em uma educação que não reflete completamente a diversidade cultural e a herança histórica da sociedade.
Neste artigo vamos compreender o que é o ensino religioso confessional e o seu papel na formação de crianças e adolescentes críticos e conscientes de quem são na sociedade. Boa leitura!
Entenda a diferença do ensino religioso interconfessional do confessional
1. O que é ensino religioso interconfessional?
O ensino religioso interconfessional é uma abordagem educacional que visa a oferecer instrução sobre diversas religiões de maneira equilibrada e imparcial, promovendo a compreensão e o respeito mútuo entre as diferentes tradições religiosas.
Em vez de focar em uma única fé, o ensino religioso interconfessional apresenta os princípios, as práticas, e os valores de várias religiões, destacando tanto suas semelhanças quanto suas diferenças.
Os principais objetivos do ensino religioso interconfessional incluem:
- Promover o respeito e a tolerância: ao aprender sobre diferentes religiões, os estudantes são incentivados a respeitar e a tolerar as crenças dos outros, o que é fundamental em sociedades diversas e multiculturais.
- Fomentar o diálogo inter-religioso: proporcionar uma base para o diálogo e a convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes tradições religiosas.
- Desenvolver a compreensão crítica: estimular uma compreensão crítica e informada das religiões, permitindo que os estudantes façam escolhas conscientes sobre suas próprias crenças e práticas religiosas.
- Contribuir para a formação integral do estudante: enriquecer o desenvolvimento moral, ético e espiritual dos estudantes, ajudando-os a entender melhor o papel da religião na vida das pessoas e na sociedade.
No contexto educacional, o ensino religioso interconfessional pode ser implementado por meio de aulas que incluem discussões, estudos de textos sagrados, visitas a locais de culto, palestras de representantes de diferentes religiões, e outras atividades que exponham os estudantes a uma variedade de perspectivas religiosas.
2. O que é o ensino religioso confessional?
Diferentemente do ensino interconfessional, o ensino religioso confessional é uma abordagem educacional centrada no ensino de uma única tradição religiosa, com o objetivo de aprofundar a fé e o entendimento dos estudantes dentro dessa tradição específica.
Este tipo de ensino se diferencia significativamente de outras abordagens de ensino religioso, cada uma com suas características e objetivos distintos.
A seguir, discutiremos a importância do ensino religioso interconfessional, os desafios enfrentados pelos professores, como eles podem se preparar para abordar temas sensíveis, e o papel da escola na implementação e na promoção de um ambiente inclusivo em uma entrevista com o teólogo Júlio Souza e a pedagoga Célia Gaspar do Grupo Marista.
Entenda qual a importância do ensino religioso interconfessional
1. Por que é importante incluir o ensino religioso interconfessional no currículo escolar?
Segundo Célia Gaspar, pedagoga do Grupo Marista, “o ensino religioso interconfessional no âmbito escolar oferece oportunidades significativas principalmente para a promoção da tolerância religiosa e a compreensão do multiculturalismo, ao explorar as crenças religiosas no espaço acadêmico as escolas têm a mestria de desenvolver cidadãos abertos a um mundo diversificado. Portanto, a inclusão desse componente curricular é um passo significativo em direção a um futuro mais inclusivo, compreensivo, harmonioso e multicultural”.
Júlio Souza, teólogo e consultor da FTD Educação, corrobora com Célia Gaspar dizendo que “o ensino religioso, em sua essência, é interconfessional e assim deve permanecer”.
Segundo ele, “no entanto, essa afirmação não significa impossibilitar a confessionalidade do ensino religioso, mas, ao contrário, reitera as oportunidades de compreensão e até mesmo de um diálogo autêntico e respeitoso da diversidade religiosa. Para a Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, o decreto do concílio Vaticano II Unitatis Redintegratio [UR] sobre o ecumenismo e a declaração Nostra aetate [NA] sobre as religiões não cristãs (também do concílio Vaticano II) reconhecem o que há de verdadeiro e santo nas outras religiões (NA 2) e orienta aos cristãos que busquem por sua unidade, superando a divisão que contraria a vontade de Cristo (UR1). Portanto, mesmo sendo confessional, o ensino religioso deve se manter interconfessional, como bem apresentado por minha amiga Célia Gaspar e, desta forma, promover uma compreensão autêntica, respeitosa e valorosa sobre esta questão essencial à vida humana, a religião”.
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2. Quais são os principais desafios enfrentados pelos professores ao ensinar ensino religioso?
Célia Gaspar afirma que os principais desafios estão ligados ao entendimento do conceito e as funções da educação, a função básica da escola atualmente, identificar o papel docente e as estratégias de ensino para o componente de ensino religioso na estrutura escolar e a formação desse profissional. Outro ponto também relevante, que a pedagoga ressalta, é que ainda esbarramos nos desafios culturais que podem vir a impedir o processo de ensino e aprendizagem isento de conceitos “pré-concebidos” e percepções individuais repletas de juízos de valor.
Júlio Souza destaca a importância da tomada de decisão do educador, uma vez que este é quem deverá saber conduzir seus estudantes e transitar entre a diversidade religiosa e cultural sem fazer proselitismo, ou seja, sem fazer “propaganda da fé”.
“Para trazer uma resposta mais ágil que possa facilitar o desempenho dos professores nestes desafios, a declaração Nostra aetate [NA] do concílio Vaticano II, sobre as religiões não cristãs, nos faz lembrar que ‘todos os povos compõem uma só comunidade’ (NA1), uma vez que, para nós cristãos, todos são criados pelo mesmo Criador.” O exemplo evidencia que, mesmo sendo confessional, se mantém claro o papel interconfessional do ensino religioso mesmo em âmbito confessional, sem ferir a religião e a confissão de fé do outro.
3. Como os professores podem se preparar para abordar temas sensíveis e diversificados nas aulas de ensino religioso?
A pedagoga Célia Gaspar reforça que para abordar temas sensíveis, é importante estabelecer uma proposta didático-pedagógica para o ensino religioso, sendo necessário considerar que a religião é um elemento cultural importante na formação dos estudantes.
Conforme ela, “Ao preparar a aula, estabelecer estratégias para tratar de questões religiosas polêmicas, é importante manter uma postura equilibrada e neutra. Evite tomar partido ou impor suas próprias crenças, é fundamental também avaliar o nível de maturidade da turma e se o objetivo da aula está compatível ou não com o perfil do grupo, refletir sobre o tema e lentamente avançar no assunto”.
Outro ponto importante que a pedagoga destaca é que os educadores devem refletir sobre as próprias opiniões negativas e limitações, a autocrítica e a disposição para buscar sempre aprimorar sua prática educativa.
Em consonância, Júlio Souza afirma que “junto à diversidade religiosa há, também, uma rica bibliografia das religiões que poderão apoiar os professores na apresentação dos mais variados temas sensíveis como a finitude e a salvação, por exemplo. Sem tomar partido, os professores encontrarão os argumentos apresentados em cada religião demonstrando suas mais variadas formas de crer. Em uma escola confessional, por exemplo, os professores devem sim, enfatizar a confessionalidade sem, contudo, desrespeitar ou ainda colocar em um contexto de ‘competição’ as diferenças e até mesmo as argumentações, ainda que contraditórias à confessionalidade. A Igreja Católica Apostólica Romana em sua declaração sobre as religiões não cristãs, chamada Nostra aetate [NA] rejeita como contrária ao pensamento de Cristo toda discriminação ou perseguição por causa das diferenças étnicas e religiosas (NA 5) e, pautados na carta de São Pedro Apóstolo, reforça que nossas relações humanas devem ser sempre as melhores (1Pd 2,12) procurando viver em paz uns com os outros (Rm 12,18)”.
4. Como a escola pode apoiar a implementação efetiva do ensino religioso interconfessional?
De acordo com Célia Gaspar, a escola pode organizar atividades educativas, palestras e fóruns de discussão para estudantes e para professores, a fim de:
- ampliar a compreensão sobre a interconfessionalidade;
- promover práticas de integração é uma maneira de estimular a troca de experiências;
- incentivar o respeito às diferenças e valorizar a diversidade religiosa.
É possível fazer isso por meio de dinâmicas integrativas e projetos conjuntos ou atividades em grupo, por exemplo. Com essas experiências práticas, ajudamos estudantes e professores a vivenciarem a diversidade ampliando sua compreensão e sua aceitação das diferentes crenças.
5. Qual é o papel da escola na promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso durante as aulas de ensino religioso?
O ensino religioso na escola é sem dúvida, um tema bastante polêmico, algumas pessoas têm uma ideia equivocada do que seria o ensino religioso.
Conforme Célia Gaspar, para alguns, esse componente curricular possui um caráter doutrinário e tem como objetivo a “conversão”. Entretanto, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) inclui o ensino religioso entre as cinco áreas do conhecimento, visando o desenvolvimento de competências e habilidades que contribuam para o diálogo, promoção da convivência, o respeito à diversidade de crenças, à inclusão, e à cidadania, objetivando o conhecimento e a compreensão das principais religiões bem como suas práticas celebrativas, símbolos, ritos, tradições, espaços e territórios sagrados presentes em nossa sociedade atual.
O ensino religioso diferentemente do ensino da religião aborda o contexto histórico das religiões, como elas influenciaram a cultura, a política e a sociedade ao longo do tempo, incentivando os estudantes a refletirem sobre valores universais e como eles se relacionam com as crenças religiosas. A BNCC estabelece que o Ensino Religioso deve ser pautado pela:
- liberdade de crença;
- Laicidade;
- e respeito à diversidade.
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6. De que forma a escola pode envolver a comunidade escolar, incluindo pais e responsáveis, no processo de ensino religioso?
A parceria entre família e escola é um dos principais elementos para o sucesso da educação. Para tanto, conforme Célia Gaspar, “a escola deve promover ações com foco na capacitação profissional”. Ela reforça que é fundamental a participação dos diretores, dos coordenadores, dos professores, da secretaria escolar, dos seguranças, dos cantineiros, dos servidores de limpeza e manutenção direcionar e trazer para a realidade os conhecimentos construídos no dia a dia da escola, e estabelecer estratégias, com a finalidade de alcançar os objetivos relacionados à formação continuada.
Sendo assim, “a escola deve buscar formas e meios de realizar uma boa comunicação para gerar um relacionamento mais agradável e garantir o engajamento das famílias”.
Construir uma boa comunicação com pais e responsáveis pode ser uma tarefa complexa, e para diminuir essa complexidade, a comunicação assertiva desempenha um papel fundamental na escola, pois informa, tranquiliza e estabelece laços de confiança e abre espaço para o diálogo.
Portanto, estimular o diálogo é essencial para haver maior engajamento e aceitação das famílias quanto às propostas pedagógicas, além disso, outra estratégia utilizada por muitas escolas para atrair os pais envolve a realização de ações pedagógicas na escola.
7. Como você vê o papel das instituições interconfessionais na educação religiosa?
“A história da humanidade mostra que a religião sempre possuiu estreitas ligações com a educação, em vários momentos os objetivos caminharam juntos, O Brasil é um país que possui uma rica diversidade religiosa, ou seja, não possui religião oficial, devemos perceber a educação como um processo que respeite essa interconfessionalidade”, afirma Célia Gaspar.
Portanto, devemos manter relações harmoniosas entre as diferentes confessionalidades, e construir uma sólida base educacional que ajuda no desenvolvimento dos estudantes e procurar criar diálogos, principalmente nos meios acadêmicos, para que todas as diferenças possam ser entendidas e respeitadas. A diversidade religiosa não deve ser reconhecida como uma limitação humana, mas como um atributo de riqueza e valor.
8. Quais são as principais diferenças e desafios no ensino religioso em escolas confessionais comparadas a escolas laicas?
A fim de elucidar de forma simples essas diferenças entre esses dois modelos de ensino, temos de um lado, as escolas confessionais que pertencem ou estão vinculadas a um grupo religioso, seja cristão católico ou evangélico, ou também grupos não cristãos, como judeus e mulçumanos, por exemplo. As escolas laicas, por outro lado, não apresentam qualquer viés ou tendências religiosas.
É importante salientar que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) incluiu o ensino religioso como uma das cinco áreas de conhecimento, e dessa forma o ensino religioso proporciona aos estudantes conhecimentos sobre questões religiosas, contribui para entender, compreender, valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosóficas de vida, além de oportunizar uma experiência da educação para a paz, respeito à diversidade de credos sem proselitismo.
Podemos dizer, em poucas palavras, que a principal diferença está na centralidade da pessoa de Jesus Cristo como ponto fundamental para a educação cristã.
Uma diferença antropológica, ou seja, a educação confessional cristã, por exemplo, se fundamenta na pessoa de jesus Cristo, ser humano perfeito que, em tudo foi como nós, exceto no pecado, portanto, o melhor modelo antropológico, por ser de fato humano, sem deixar de ser Deus (em outra ocasião podemos aprofundar esse tema da união hipostática, a união de duas naturezas sem que uma subestime ou invalide a outra), mas de fato humano, “homem perfeito” que trabalhou, pensou e agiu como qualquer ser humano inclusive amando com um coração humano, como ensina a Constituição Pastoral Gaudium et spes [GS] do Concílio Vaticano II (GS 22).
9. Quais estratégias têm sido adotadas pelas instituições confessionais para tornar o ensino religioso mais relevante e mais atrativo para os estudantes?
Célia Gaspar ressalta que as metodologias ativas são um dos recursos de ensino e aprendizagem mais eficazes para engajar e incentivar os estudantes em sala de aula.
As metodologias ativas são boas alternativas pedagógicas, pois colocam o estudante no centro do processo de ensino e aprendizagem, despertam o interesse da turma, contribuem para o engajamento, além de fortalecer a autonomia, a confiança, a criatividade, aprendendo a trabalhar com colaboração, com empatia e com responsabilidade.
Para a escola, os benefícios também são muitos, promovem mais satisfação com as aulas e, consequentemente, maior atração e retenção de estudantes.
Júlio ressalta que “os debates sempre são fortes atrativos para os estudantes e, sendo bem conduzido (o que vai exigir muita atenção e preparo dos professores), poderá gerar a compreensão respeitosa que desejamos alcançar nessa área do conhecimento. Por outro lado, sabemos que o tempo dedicado às aulas dificultam bastante esse processo, mas, os professores poderão contar com as metodologias ativas, um esforço a mais, principalmente na preparação das aulas, mais do que na execução, mas que poderão agregar maiores engajamentos entre os estudantes com os mais variados temas”.
10. Quais tendências você observa no futuro do ensino religioso nas escolas?
De acordo com a pedagoga, o ensino religioso é de grande relevância na formação integral dos educandos, e demanda diariamente mudanças.
“O ensino religioso almeja proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, mostrar a diversidade e a riqueza das crenças, sem privilegiar ou questionar nenhuma delas, de forma a aumentar o conhecimento das crianças sobre outras religiões e, assim, combater o preconceito, a falta de conhecimento e a intolerância religiosa”, reforça Célia Gaspar.
A tendência do ensino religioso é seguir colaborando para as reflexões sobre os valores das diferentes religiões existentes na sociedade, abordando os conteúdos de maneira interdisciplinar, realizando atividades que estimulem o diálogo e o respeito entre as religiões.
Conforme Júlio Souza, “o ser humano é um ser religioso. O futuro do ensino religioso precisa ter bem claro essa dimensão fundamental do ser humano, ou então, correrá o risco de ser interpretado como sofismo, perdendo seu reconhecimento como área do conhecimento. Este é o ponto de vista teológico que tomei a liberdade de enfatizar, isso porque percebo uma tendência capciosa que subestima o ensino religioso”.
11. Como a tecnologia e as novas metodologias pedagógicas podem ser integradas ao ensino religioso para torná-lo mais dinâmico e acessível?
“A utilização das tecnologias educacionais deve ser inserida na formação contínua dos professores, além disso, é essencial estabelecer objetivos educativos, e a tecnologia pode trazer várias contribuições importantes para o ensino religioso. Estes recursos facilitam compreender o conteúdo, as aulas tornam-se mais atrativas e prazerosas, os estudantes podem adquirir novas habilidades, desenvolver conhecimentos por meio de diferentes ferramentas. Um outro ponto importante a ser destacado é que a tecnologia deve ser usada de forma crítica e reflexiva, para que não se torne uma simples reprodução de conteúdo pronto”, conclui Célia Gaspar.
Conclusão
O ensino religioso interconfessional desempenha um papel vital no desenvolvimento dos estudantes ao promover uma educação que abrange não apenas aspectos acadêmicos, mas também morais, éticos e espirituais.
Ao apresentar os princípios e as práticas de diversas religiões de maneira equilibrada, os estudantes são encorajados a desenvolver uma visão mais inclusiva e respeitosa do mundo ao seu redor.
Esta abordagem educativa não só combate o preconceito e a intolerância, mas também enriquece a formação dos estudantes, ajudando-os a compreender e a valorizar a complexidade e a riqueza da diversidade humana.
A implementação eficaz do ensino religioso interconfessional nas escolas pode, portanto, ser um passo crucial para a construção de uma sociedade mais harmoniosa e consciente.