A música tem se mostrado uma ferramenta poderosa para melhorar a concentração e o desempenho durante os estudos.
A música faz parte da rotina de muitas pessoas, para diferentes momentos e tarefas. Você facilmente encontra playlists em plataformas de streaming com “músicas para relaxar”, “músicas para foco”, “música para estudar”, “músicas para dormir” e afins.
É inegável a influência que a música exerce, e você provavelmente já experimentou momentos de euforia, tristeza ou animação ao ouvir um som que soou extraordinário e te arrancou emoções, resgatou uma memória ou destravou algum bloqueio de foco e ação. Não à toa, podemos usar a música a nosso favor em determinados momentos, como para concentração e foco nos estudos.
A busca pela concentração ideal durante os estudos pode ter muitos obstáculos. Inúmeras distrações do ambiente, pensamentos dispersos e a dificuldade de manter o foco podem tornar a tarefa de absorver informações e realizar tarefas cognitivas um verdadeiro desafio.Nesse contexto, música para concentração e memorização tem se mostrado uma ferramenta poderosa para melhorar a concentração.
Com isso em mente, exploraremos neste artigo como a música para concentração e foco pode ser utilizada como ferramenta de desempenho durante os estudos.
Ouvir música estimula todas as partes do cérebro – emocional, física e cognitiva – de uma só vez. Isso provoca uma série de respostas do corpo humano: para fins terapêuticos, de relaxamento ou como estímulo para foco e concentração.
Como a música atua no cérebro para melhorar a concentração
A relação entre a música e o cérebro humano, inclusive, é um campo de estudo fascinante da neurociência que nos mostra como os sons realmente impactam as principais áreas do cérebro.
Após entrar nos ouvidos e chegar ao córtex auditivo, diferentes centros de processamento extraem elementos do som, como tom, ritmo, timbre e volume.
Segundo o artigo “Música e Neurodesenvolvimento: em busca de uma poética musical inclusiva”, do neurologista Mauro Muszkat, publicado na revista Literartes, quando escutamos música, nosso batimento cardíaco, nossa frequência respiratória e nossos ritmos elétricos cerebrais mudam conforme o ritmo e a melodia. Ela não apenas é processada no cérebro, mas afeta seu funcionamento.
E, segundo o estudo “A dopamina modula as experiências de recompensa provocadas pela música”, realizada por 12 pesquisadores da Universidade de Lyon, na França, com 27 participantes, ao ouvir as músicas que você gosta, seu cérebro libera mais dopamina, um hormônio normalmente atrelado ao amor, mas que também aparece em situações corriqueiras como começar uma atividade ou cumprir uma meta.
Estudos confirmam que a música para concentração e memorização pode:
- Reduzir o estresse e a ansiedade;
- Bloquear distrações;
- Estimular a criatividade;
- Aumentar a motivação;
- Estabelecer ritmo e rotina.
Gêneros e ritmos tonais para concentração
É comum pensar que as músicas clássicas são as mais indicadas para momentos de concentração, mas isso não é uma regra e pode variar bastante.
Embora a música possa ser uma ferramenta valiosa para melhorar a concentração durante os estudos, é importante utilizá-la com sabedoria. O neurocientista da Harvard, Srini Pillay, observou que não são apenas canções eruditas que ajudam no foco. E a psicóloga Emma Gray, entrevistada pelo jornal britânico Metro, ressaltou que a melodia e a escala tonal das músicas podem ser escolhidas conforme a área do conhecimento estudada:
- A melodia e a escala tonal em músicas clássicas ajudam a manter o foco em matérias que exigem atenção e memorização.
- Músicas com 50-80 batidas por minuto, como dos artistas pop Miley Cyrus e Justin Timberlake, promovem um efeito calmante que conduz o cérebro ao pensamento lógico, propício para quem estuda Ciências, Humanidades e Línguas.
- Músicas de rock como I Can’t Get No (Satisfaction), do Rolling Stones, produzem um estado de excitação da mente que estimula a criatividade, ideal para estudante de Arte e Teatro.
A designer, pós-graduada em música e mestre em Comunicação, Dride, também acredita que a escolha dos ritmos seja algo bem pessoal e que varia de acordo com o momento.
“Música com letra durante a leitura para mim não funciona. Quando preciso de estímulo cerebral para criar algo novo, busco artistas com uma pegada mais experimental com dissonâncias, instrumentos inusitados, timbres vocais diferentes ou em algum idioma que eu não conheço, buscando estimular as sinapses. Se eu preciso focar muito e, ou, fazer algo muito rápido, um bom power metal ou heavy metal me ajudam bastante!”, ressalta.
Músicas Lo-fi: uma tendência para concentração
Para momentos de concentração, Dride afirmou que para ela o que mais funciona são músicas eruditas, majoritariamente do período Clássico, ou o lo-fi, “uma espécie de muzak, ou seja, uma música de fundo”.
E caso você não conheça o lo-fi, este é um gênero musical que explodiu nos últimos três anos e que consiste basicamente em batidas repetitivas que estimulam a concentração.
O termo tem origem na expressão low fidelity, ou seja, uma música de qualidade mais baixa feita normalmente de forma caseira por artistas independentes e disponibilizadas na internet. A principal característica do lo-fi é seu ritmo hipnotizante, lento e suave.
Hoje, na internet, existem releituras em lo-fi de diferentes gêneros musicais. Além disso, este ritmo é conhecido por ter transmissões na internet em longas, e até ininterruptas, playlists que embalam horas e horas de músicas, normalmente, procuradas por pessoas que precisam de concentração.
Faça testes, ouça diferentes tipos de músicas e entenda quais gêneros e ritmos funcionam melhor para você alcançar concentração nos estudos.
3 dicas para usar músicas para foco, concentração e memorização
1. Volume adequado: mantenha o volume da música em um nível que não seja alto o suficiente para distrair, mas que bloqueie os ruídos indesejados.
2. Playlists ou álbuns longos: evite interrupções constantes para escolher novas músicas. Crie playlists ou escolha álbuns longos para manter o fluxo de estudo.
3. Varie quando necessário: às vezes, uma mudança de música ou pausa musical curta pode servir para evitar a fadiga auditiva.
A Dride também elencou uma dica muito legal: “Substituir uma canção popular por um conteúdo em letra rimada, numa espécie de paródia, pode ajudar a memorização. Esse é um macete que já vi sendo usado por professores de cursinho para ajudar estudantes a memorizarem determinado conteúdo.”
Ela também ressalta que estudar música ou um instrumento musical ajuda na concentração por si só. “Auxilia na concentração, raciocínio lógico, motricidade e imaginação, só para citar alguns, que são atributos e habilidades que fluem para outras áreas da vida e do conhecimento”.
Música como aliada na concentração
A música para concentração pode ser uma ferramenta poderosa durantes seus estudos. Se utilizada de forma adequada e personalizada, pode criar um ambiente propício para o foco e memorização, bloqueando distrações e até mesmo aumentando a motivação.
No entanto, é importante lembrar que o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, então experimente diferentes abordagens e descubra a melhor maneira de incorporar a música em sua rotina de estudos. Com a música como aliada, você pode potencializar sua concentração e alcançar um estudo mais eficaz e produtivo.
Músicas para se concentrar
Fiquei tão empolgada com o assunto que criei uma playlist com músicas para concentração durante os estudos!
Aproveito para admitir que, para mim, a música funciona – e muito – em momentos que preciso me concentrar. No meu caso, prefiro músicas instrumentais, sem nenhuma letra, como o jazz, ska, noise ou experimental. Mas tudo varia e tem dias que coloco até um mantra ou uma playlist de horas com ruído branco que me faz entrar em puro foco.
Espero que funcione para você também!