Studio Ghibli
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Para além da trend: O que aprender com os filmes do Studio Ghibli  

Por Maiara Lima

Estimativa de leitura: 9min 23seg

23 de abril de 2025

Animações japonesas estão repletas de lições valiosas para crianças e adultos.

Recentemente a internet foi tomada pela trend que usa inteligência artificial para recriar fotos imitando o estilo das animações do Studio Ghibli.  

Tendo em mente que o próprio Miyazaki, cofundador do estúdio, já havia afirmado veementemente em 2016 que “nunca desejaria incorporar essa tecnologia ao seu trabalho” é preciso refletir sobre o fato de que a inteligência artificial tem se apropriado de obras para alimentar a sua plataforma sem qualquer regulamentação a vista, mas hoje eu convido você a aproveitar o hype para conhecer as obras do Studio Ghibli e entender o que faz delas tão especiais.  

O que é o Studio Ghibli? 

O Studio Ghibli é um estúdio de animação japonesa fundado em 1985 por Hayao Miyazaki, Isao Takahata, Toshio Suzuki e Yasuyoshi Tokuma. Seu diretor mais conhecido, Miyazaki, é considerado um ícone da animação, responsável por várias produções que conquistaram o reconhecimento e a atenção do público e dos críticos internacionais, o que resultou em dois prêmios do Oscar de Melhor Animação por “A Viagem de Chihiro”, em 2003, e “O Menino e a Garça”, em 2024. 

Hayao
Hayao Miyazaki , cofundador do Studio Ghibli, segurando o Oscar de Melhor Filme de Animação por “A Viagem de Chihiro”.  

Além de ser conhecido pelo seu visual único, o Studio Ghibli também é reverenciado por sua filosofia artística e seus valores bem definidos. Hayao Miyazaki defende que a arte seja feita à mão, reforçando que a verdadeira expressividade vem do esforço humano, da emoção e da experiência de vida.  

Por meio de narrativas que abordam uma jornada mais emocional e contemplativa, o estúdio reafirma seu objetivo de criar obras com alta qualidade, sem a pressa que as animações de televisão requerem, e o resultado são obras delicadas carregadas de mensagens e simbolismo, em animações que usam uma expressividade rica para retratar as alegrias e tristezas da vida como elas realmente são. 

4 motivos para assistir às animações do Studio Ghibli 

Temas amplos e com abordagem sensível 

Diferente nas animações ocidentais que costumam seguir narrativas explicitamente mágicas e em busca de finais felizes, o Studio Ghibli aproveita as animações como um espaço para construir histórias criativas e de grande sensibilidade, abordando temas, como a relação com a natureza, a infância, a importância das relações sociais e a impermanência das coisas, além de trazer críticas sobre o mundo moderno, a guerra e a destruição do meio ambiente, sem subestimar a capacidade do espectador de entender uma história mais complexa e repleta de nuances. 

Narrativa sem pressa 

Em tempos de “brain rot”- termo em inglês para a deterioração cerebral que estamos enfrentando mediante o consumo excessivo das telas e de conteúdos triviais e pouco desafiadores – as animações do Studio Ghibli são um verdadeiro bálsamo. 

cena de “A Viagem de Chihiro". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “A Viagem de Chihiro”. Divulgação Studio Ghibli.

Com trilha sonora e arte impecáveis, as obras Ghibli trazem cenas de contemplação e momentos de respiro durante o filme para que todas as emoções possam fluir naturalmente permitindo criar uma conexão maior com a história e seus personagens.  

“O que meus amigos e eu estamos tentando fazer desde os anos 1970 é aquietar as coisas um pouco; não apenas bombardear com barulho e distração. E para seguir o caminho das emoções e sentimentos das crianças, nós fazemos um filme. Se você se mantiver fiel à alegria, espanto e empatia, você não precisa ter violência e não precisa ter ação. Elas vão te seguir. Esse é o nosso princípio”, afirma o diretor Hayao Miyazaki. 

Protagonistas femininas fortes  

Cena de ”Nausicaä do Vale do Vento”. Divulgação Studio Ghibli.
Cena de ”Nausicaä do Vale do Vento”. Divulgação Studio Ghibli.

Eu particularmente adoro o fato de que o Studio Ghibli apresenta em suas obras meninas reais, que realmente aparentam a idade que tem. Miyazaki, inclusive, é conhecido por criar protagonistas femininas fortes, corajosas, autossuficientes e que não pensam duas vezes para lutar pelo que acreditam. Essa visão é um refresco diante da maneira como as protagonistas femininas são retratadas nas animações e narrativas ocidentais. 

Abordagem que vai além do Bem contra o Mal 

Nas animações do Studio Ghibli nem sempre vamos ver uma luta dos mocinhos contra os vilões ou eles se manterão nesse papel ao longo de toda a história. Em algumas narrativas podemos ver vilões se arrependerem ou se transformarem, como no caso da bruxa em “O Castelo Animado”, e em outras sequer há um conflito propriamente dito. Em “O Serviço de Entregas da Kiki”, por exemplo, o foco é acompanhar a jornada de adaptação e crescimento da personagem.

O que podemos aprender com as obras do Studio Ghibli 

Cena de “As Memórias de Marnie”. Divulgação Studio Gh
Cena de “As Memórias de Marnie”. Divulgação Studio Gh

“Eu gostaria de fazer um filme que diga para as crianças ‘é bom estar vivo’, afirma o diretor Hayao Miyazaki.  

Os filmes do Studio Ghibli estão repletos de lições valiosas para crianças e adultos, então aproveite para ir além da trend e descubra os aprendizados que essas animações podem nos trazer. 

1. Atenção plena 

As animações japonesas refletem a sua própria cultura nos convidando a todo instante a simplesmente viver o momento e dar atenção aos detalhes e as singularidades dos dias bons e dos dias ruins. 

2. Respeito à natureza  

Os filmes do Studio Ghibli apresentam como o ser humano é responsável pelo que ocorre com o meio ambiente, sendo responsável também por sua proteção ao compreender que todos fazemos parte de um ecossistema. 

3. Não tenha medo dos seus sentimentos 

“O coração é um fardo pesado para se carregar”, diz Sophie a Howl em “O Castelo Animado”. Afinal, isso significa se permitir ser vulnerável às vezes. Tenha coragem para se entregar, vivenciar seus sentimentos e ser feliz sendo você mesmo. 

4. Seja gentil

A bondade humana está sempre presente nos filmes do Studio Ghibli, nos mostrando que é preciso pouco para sermos gentis, basta ajudarmos uns aos outros da melhor forma que conseguirmos.  

6 filmes para conhecer o Studio Ghibli 

1. A Viagem de Chihiro 

Cena de “A Viagem de Chihiro". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “A Viagem de Chihiro”. Divulgação Studio Ghibli.

Primeiro filme de animação japonesa a ganhar um Oscar, “A Viagem de Chihiro” nos leva a acompanhar uma garota que está de mudança junto aos seus pais, mas que após pegarem um atalho no caminho, acabam indo parar em um mundo mágico, repleto de criaturas sobrenaturais inspiradas na mitologia japonesa. Enquanto seus pais são transformados em animais, Chihiro precisa descobrir como salvá-los e voltar para o seu mundo.   

O filme é uma jornada sobre amadurecimento e autoconhecimento: toda vez que a protagonista é colocada em teste ela precisa crescer e ganhar confiança em si mesma, algo que todos nós já passamos na transição para a vida adulta.   

2. O Castelo Animado 

Cena de “O Castelo Animado". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “O Castelo Animado”. Divulgação Studio Ghibli.

Em “O Castelo Animado”, embarcamos em um mundo que mistura magia e tecnologia e acompanhamos a história de Sophie que foi transformada em uma senhora de 90 anos depois de uma bruxa ter lançado uma maldição sobre ela. Em busca de voltar ao que era, Sophie acaba indo parar no Castelo Animado, onde mora um misterioso bruxo chamado Howl, que pode ajudar a reverter o feitiço.  

Baseado no livro de mesmo nome da escritora inglesa Diana Wynne Jones, a adaptação do Studio Ghibli explora a velhice sob uma ótica positiva, pois a idade concede liberdade a protagonista, além de abordar temas como o amor, a lealdade, a compaixão e trazer os efeitos destrutivos da guerra. 

3. Meu amigo Totoro 

Cena de "Meu Amigo Totoro". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “Meu Amigo Totoro”. Divulgação Studio Ghibli.

Em “Meu Amigo Totoro”, acompanhamos a história de duas meninas, Satsuki e Mei, que se mudam com o pai para o interior do Japão para ficar mais perto de sua mãe que está internada em um hospital. Lá elas vivem aventuras ao lado de um simpático espírito protetor da floresta chamado Totoro. 

Por meio da pureza dessa amizade, somos convidados a refletir sobre a relação entre humanos e natureza, e sobre a importância da imaginação e da esperança. 

4. Vidas ao Vento 

Cena de “Vidas ao Vento". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “Vidas ao Vento”. Divulgação Studio Ghibli.

Em “Vidas ao Vento”, conhecemos a história de vida do designer de aviões Jiro Horikoshi, o projetista japonês que liderou a equipe de criação do caça Mitsubishi A6M Zero, máquina de combate que se tornou o símbolo da força aérea japonesa durante a Segunda Guerra Mundial. 

Inspirado pelo designer aeronáutico italiano Caproni, Jiro tinha como sonho voar e desenhar aviões, contudo não os via como instrumento de guerra. Sua vocação o leva a trabalhar na divisão de aviões de uma grande empresa de engenharia japonesa e acompanhamos esse conflito entre sua visão pacifista com as expectativas que o seu trabalho gera. 

A animação retrata acontecimentos históricos que marcaram a sua trajetória, como a epidemia de tuberculose, a grande depressão econômica, o terremoto de Kanto, em 1923, e o fascismo. 

5. O Serviço de Entregas da Kiki  

 

Cena de “O Serviço de Entregas da Kiki". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “O Serviço de Entregas da Kiki”. Divulgação Studio Ghibli.  

Em “O Serviço de Entregas da Kiki”, acompanhamos a bruxinha Kiki, que ao completar 13 anos, deve seguir a tradição de todas as bruxas e se mudar para uma cidade na qual não haja nenhuma bruxa e passar lá um ano morando sozinha.  

O filme acompanha a sua adaptação à nova vida e sua jornada de independência enquanto faz novos amigos e usa da criatividade para ganhar confiança no novo trabalho e descobrir seus verdadeiros talentos. 

6. O Menino e a Garça 

Cena de “O Menino e a Garça". Divulgação Studio Ghibli.
Cena de “O Menino e a Garça”. Divulgação Studio Ghibli.

Em “O Menino e a Garça”, acompanhamos Mahito, um jovem garoto que perdeu a mãe e está tendo dificuldades para se adaptar a essa nova realidade. Ao encontrar uma garça falante ele vivencia uma outra realidade onde o mundo dos vivos e dos mortos se misturam. 

Inspirada na obra “How do you live?”, de Genzaburo Yoshini, este que pode ser o último filme de Miyazaki, nos leva a pensar sobre como aprendemos a viver com a morte, sem nos dar de fato nenhuma resposta. 

Gostou desse tema? Então confira 5 obras para conhecer o universo das animações japonesas. 

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Há mais de 10 anos, atua como jornalista, produtora de conteúdo e entusiasta da Educação. Ama cultura pop e falar pelos cotovelos.
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