Saiba como abordar com as crianças um tema de extrema relevância e sensibilidade: a prevenção ao abuso sexual infantil. Conheça o Maio Laranja!
Ensinamos às crianças todos os tipos de maneiras de se manterem seguros. A não atravessarem a rua sem antes olhar para os dois lados, a não aceitarem doces de estranhos, mas, na maioria das vezes, a segurança do corpo só é ensinada muito mais tarde – até que, às vezes, seja tarde demais.
Saiba como ensinar o seu filho a se proteger contra o abuso sexual infantil e a buscar ajuda. Boa leitura!
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Com o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira e convocá-la para o engajamento contra a violação dos direitos sexuais de crianças e adolescentes, 18 de maio foi estabelecido como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Uma pesquisa realizada pelos Centros de Controle de Doenças (CDC) estima que aproximadamente 1 em cada 6 meninos e 1 em cada 4 meninas são abusados sexualmente antes dos 18 anos.
De acordo com a UNICEF, 129 mil casos de violência contra criança e adolescentes foram registrados no Brasil entre 2019 e o 1° semestre de 2021, considerando crimes de estupro e exploração sexual. E 4 meninas de até 13 anos são estupradas por hora no Brasil.
Tais estatísticas são alarmantes e por isso é tão necessário falar sobre essa temática. Sendo assim, em um mundo em constante evolução, onde a segurança e o bem-estar de nossas crianças devem ser priorizados, torna-se fundamental estarmos informados e preparados para protegê-las de situações tão devastadoras quanto o abuso sexual infantil.
Cabe ressaltar que pais e professores são pilares essenciais na vida das crianças, sendo responsáveis não apenas por seu desenvolvimento educacional, mas também por seu cuidado e proteção integral.
Juntos, podemos criar um ambiente seguro e acolhedor onde as crianças possam crescer com confiança e resiliência.
Por isso, é essencial compreendermos não apenas os sinais e impactos do abuso sexual infantil, mas também as medidas proativas que podemos adotar para prevenir essa terrível forma de violência.
Vamos explorar estratégias educacionais, ferramentas de comunicação eficazes e práticas de supervisão que nos capacitam a agir de forma assertiva e preventiva diante dessa realidade tão delicada.
Assim, convidamos a todos para se engajarem nessa jornada de aprendizado e reflexão, buscando formas de fortalecer nossa comunidade e proteger nossas crianças.
Juntos, podemos fazer a diferença e construir um futuro mais seguro e saudável para as nossas crianças. Confira mais a seguir!
Prevenção ao abuso sexual infantil: saiba como educar as crianças desde cedo
Uma das bases mais sólidas para a prevenção ao abuso sexual infantil é a educação desde cedo. Ao ensinarmos as crianças sobre seus corpos e limites desde a mais tenra idade, estamos capacitando-as a reconhecer e proteger sua própria integridade.
É essencial usar termos adequados à idade, de forma clara e acessível, para que as crianças compreendam e internalizem esses conceitos.
A prevenção ao abuso sexual infantil é um tema crucial que demanda uma abordagem cuidadosa desde a mais tenra idade das crianças.
Educar os pequenos sobre seus corpos, limites e a importância do respeito mútuo é uma das bases mais sólidas para protegê-los de situações tão prejudiciais como o abuso sexual.
Como educar as crianças para se protegerem contra o abuso sexual infantil?
O abuso sexual infantil é um tema delicado e difícil de discutir, mas é essencial abordá-lo de maneira educativa e preventiva.
Desde os primeiros anos de vida, é importante que as crianças entendam que seus corpos são seus territórios pessoais. Isso inclui ensiná-las sobre as partes do corpo e seus nomes corretos, de forma clara e sem tabus.
Além disso, é essencial explicar que cada parte do corpo tem uma função específica e que algumas áreas são proibidas de serem tocadas por outras pessoas, a menos que seja necessário para cuidados de saúde e sempre com a presença de um adulto responsável como o papai ou a mamãe.
A maioria dos abusadores dirá à criança para manter o abuso em segredo, seja de forma amigável ou até em tom de ameaça. Por isso, seu filho deve saber que não importa o que alguém lhe diga, segredos não são aceitáveis e todo tipo de abuso é crime.
Confira como ensinar as crianças a se protegerem!
1. Use termos adequados à idade
A linguagem utilizada ao educar as crianças sobre seus corpos e limites deve ser adequada à idade e compreensível para elas. Isso significa evitar jargões complexos e usar termos simples e claros que transmitam a mensagem de forma acessível.
Por exemplo, em vez de termos técnicos, como “órgãos genitais”, é possível utilizar expressões mais suaves e compreensíveis, como “partes íntimas” ou “região privada”.
Usar recursos como músicas que falam sobre o corpinho da criança também auxiliará na educação sobre o tema.
2. Tenha uma comunicação aberta
Estimular a comunicação aberta desde cedo é fundamental para criar um ambiente onde as crianças se sintam confortáveis para expressar seus sentimentos e falar sobre qualquer assunto, inclusive questões relacionadas ao seu corpo e sexualidade.
Os pais, cuidadores e professores devem encorajar as crianças a fazerem perguntas, expressarem suas preocupações e relatarem qualquer situação que as deixe desconfortáveis.
A criação de um diálogo aberto e livre de julgamentos é essencial para fortalecer o vínculo de confiança entre adultos e crianças.
Sendo assim, incentive a comunicação aberta e honesta desde cedo. Encoraje as crianças a falarem sobre seus pensamentos e emoções, mostrando interesse genuíno em suas histórias.
Ouça atentamente o que elas têm a dizer, sem interromper ou invalidar seus sentimentos.
Faça perguntas abertas que estimulem a reflexão e o diálogo, e esteja sempre disponível para conversar quando elas precisarem.
3. Valorize as opiniões e sentimentos das crianças
Ensinar as crianças sobre o valor de suas opiniões e sentimentos é um passo crucial nesse processo.
Primeiramente, é importante que as crianças saibam que têm o direito de expressar suas opiniões e sentimentos livremente, sem medo de serem julgadas ou desacreditadas.
Isso cria um ambiente de confiança e respeito mútuo, onde elas se sentem seguras para compartilhar suas experiências e preocupações.
4. Ensine sobre limites pessoais e respeito mútuo
Além disso, é importante ensinar às crianças sobre limites pessoais e respeito mútuo. Explique que ninguém tem o direito de tocá-las de maneira que as faça sentir desconfortáveis, e que elas têm o direito de dizer “não” caso se deparem com uma situação assim.
Reforce a importância de confiar em seus instintos e buscar ajuda caso se sintam em perigo ou vulneráveis. Ensine também sobre o respeito ao próprio corpo e ao dos outros.
Mostre exemplos de comportamentos apropriados e inadequados e incentive-as a comunicar imediatamente qualquer situação que as faça sentir-se desconfortáveis ou violadas.
Por fim, esteja sempre presente e disponível para apoiar e orientar as crianças. Mostre-se como um adulto de confiança em quem elas podem confiar e recorrer em momentos difíceis.
Lembre-as de que nunca estão sozinhas e que sempre haverá alguém disposto a ajudá-las e a proteger sua segurança e bem-estar.
5. Ensine as crianças sobre tolerância e empatia
Capacite as crianças a tomarem decisões autônomas em relação a suas vidas e corpos, respeitando suas escolhas e limites. Isso fortalece sua autoconfiança e senso de autovalorização.
Promover a tolerância e a empatia também significa ensinar às crianças a serem solidárias e apoiarem umas às outras.
Incentive-as a falar sobre seus sentimentos e preocupações, e deixe claro que sempre estarão seguras para compartilhar qualquer experiência que as faça sentir-se desconfortáveis.
Além disso, é importante ensinar às crianças a identificarem e denunciar quaisquer situações de abuso, seja físico, emocional ou sexual. Explique que elas têm o direito de dizer “não” e buscar ajuda quando se sentirem ameaçadas ou violadas.
Mostre exemplos de adultos de confiança a quem elas podem recorrer em caso de necessidade.
Ao integrar a temática do abuso sexual infantil da forma correta, estamos capacitando as crianças a reconhecerem e protegerem-se de qualquer forma de violência, promovendo um ambiente seguro e inclusivo para todos.
6. Diga ao seu filho que ninguém deve tirar fotos de suas partes íntimas
Essa situação é muitas vezes esquecida pelos pais. Existe um mundo de pedófilos que tiram e trocam fotos de crianças on-line. Esta é uma epidemia e coloca seu filho em risco. Diga à criança que ninguém deve tirar fotos de suas partes íntimas. Você pode usar um diálogo assim:
“Filho, preciso falar com você sobre algo importante. Você sabe que seu corpo é seu, e é muito importante que você o proteja. Às vezes, algumas pessoas podem querer tirar fotos das partes íntimas de outras pessoas, e isso não é certo. Ninguém, absolutamente ninguém, tem permissão para tirar fotos das suas partes íntimas, nem mesmo alguém que você conheça e confie. Se alguém pedir para tirar fotos assim, ou se você se sentir desconfortável com alguém tentando tirar fotos de você, é importante que você me conte imediatamente ou fale com um adulto de confiança. Isso é importante para manter você seguro e protegido. Você entende?”.
Depois de explicar, é fundamental garantir que seu filho saiba que pode confiar em você para compartilhar qualquer coisa que o incomode ou o deixe desconfortável. Eles devem entender que não estão em apuros se algo assim acontecer, mas sim que estão sendo protegidos.
7. Ensine seu filho a sair de situações assustadoras ou desconfortáveis
Algumas crianças sentem-se desconfortáveis em dizer “não” às pessoas – especialmente aos colegas mais velhos ou aos adultos.
Diga que não há problema em dizer a um adulto que eles precisam ir embora, se algo que pareça errado estiver acontecendo, e ajude-os a dar-lhes palavras para sair de situações desconfortáveis. Por exemplo: diga ao seu filho que se alguém quiser ver ou tocar em partes íntimas, pode dizer que precisa sair para ir ao banheiro.
Tenha uma palavra-código que seus filhos possam usar quando se sentirem inseguros ou quiserem ser pegos em algum local. À medida que as crianças ficam um pouco mais velhas, você pode dar-lhes uma palavra-código que elas possam usar quando se sentirem inseguras. Pode ser usado em casa, quando há convidados em casa ou quando eles estão brincando ou na festa do pijama.
Lembre-se: as crianças precisam ter segurança e acesso a pessoas de confiança quando algo estiver errado.
8. Ouça e apoie a criança sem julgamentos
Mostrar-se disponível para ouvir e apoiar as crianças em qualquer situação é crucial para fortalecer os laços de confiança e segurança.
Isso envolve:
- Abertura para diálogo: Esteja aberto para conversas honestas e francas, sem julgamentos ou repreensões. Demonstre empatia ao ouvir suas preocupações e problemas, oferecendo suporte emocional e prático.
- Validação de sentimentos: Valide os sentimentos das crianças, reconhecendo suas emoções como legítimas e importantes. Isso ajuda a fortalecer sua autoestima e habilidades de comunicação.
- Resolução de conflitos: Ensine habilidades de resolução de conflitos de forma construtiva, incentivando a expressão de sentimentos e a busca por soluções que respeitem as necessidades de todos os envolvidos.
- Diálogo aberto sobre abuso: Aborde o tema do abuso de forma clara e acessível, explicando que nenhuma forma de abuso é aceitável e que elas têm o direito de se proteger.
- Identificação de recursos de apoio: Informe as crianças sobre os recursos disponíveis, como linhas de ajuda, organizações de proteção à infância e pessoas de confiança a quem recorrer em caso de necessidade.
- Ação rápida em casos de suspeita ou confirmação: Esteja informado sobre os órgãos e canais de denúncia de abuso sexual infantil e saiba como agir rapidamente em casos de suspeita ou confirmação de abuso. Priorize a segurança e o bem-estar das crianças em todas as circunstâncias.
Ao estimular a confiança, o respeito mútuo e o empoderamento para buscar ajuda, estamos fortalecendo as crianças para lidar com situações desafiadoras e promovendo um ambiente seguro e acolhedor para o seu desenvolvimento saudável. Essas medidas são fundamentais para a prevenção e proteção contra o abuso sexual infantil.
Nesse contexto de conscientização e ação, a Campanha Defenda-se, desenvolvida pelo Centro Marista de Defesa da Infância (CMDI), destaca-se como uma iniciativa crucial para promover a autodefesa das crianças contra a violência sexual.
Utilizando uma linguagem acessível, amigável e preventiva, essa campanha oferece materiais educativos especialmente direcionados a meninas e meninos com idades entre 4 e 12 anos.
Vídeos Educativos – Combate ao Abuso Infantil
Assista a uma série de vídeos da Campanha Defenda-se, que tem o objetivo de apresentar situações que devem ser identificadas e denunciadas pelas crianças. Além disso, os vídeos falam sobre o reconhecimento das emoções e sentimentos, espaços públicos e privados, sobre a Lei que regulamenta o Depoimento Especial e autodefesa e segurança on-line.
Os materiais estão disponíveis em Português, Inglês, Espanhol, Libras e Audiodescrição neste link aqui.
Livros educativos para abordar os direitos da criança e do adolescente
Os livros Mina e suas luzinhas: em defesa da infância e Um bairro contra o silêncio: em defesa da vida são voltados para os anos iniciais do Ensino Fundamental e abordam os direitos da criança e do adolescente e a importância em não manter o silêncio frente a situações de perigo.
Como e onde denunciar o abuso sexual infantil?
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece a obrigação de denunciar violações de direitos humanos de crianças e adolescentes, inclusive violência sexual.
Os principais canais de denúncia incluem:
- Disque 100, que recebe denúncias anônimas de todo tipo de violação de direitos humanos;
- Aplicativo Proteja Brasil, desenvolvido em parceria com o Unicef;
- Ministério dos Direitos Humanos;
- Safernet, dedicada a enfrentar violações de direitos humanos na internet;
- Conselho Tutelar, responsável pelo atendimento de crianças e adolescentes em risco;
- Ministério Público, encarregado de fiscalizar o cumprimento da lei;
- Órgãos policiais: Polícia Militar – Disque 190 e Ministério Público – Disque 127; incluindo a Polícia Civil e suas delegacias especializadas, estão disponíveis para investigar e apurar crimes, com o Disque 197 sendo o canal de contato gratuito.