O Abril Indígena é um mês dedicado à visibilidade dos povos originários, suas lutas e reivindicações.
Durante o mês de abril, diversas atividades são realizadas em todo o Brasil, como debates, palestras, oficinas, apresentações artísticas e mobilizações sociais com o objetivo de celebrar a riqueza da cultura indígena, conscientizar a sociedade sobre os direitos dos povos originários e promover o respeito à sua diversidade.
Panorama indígena no Brasil e no mundo
No Brasil, os povos indígenas representam cerca de 0,83% da população, com aproximadamente 1.693.535 pessoas, entre 266 povos com mais de 150 línguas diferentes.
Apesar da rica diversidade cultural e de sua importância para a história e a formação do país, os povos indígenas ainda enfrentam diversos desafios, como:
- Demarcação de terras: a luta pela demarcação de terras indígenas é uma das principais pautas do movimento indígena nacional. Atualmente, apenas 13% do território brasileiro é demarcado como terra indígena.
- Violência de direitos: os povos indígenas são frequentemente vítimas de violações contra os seus direitos, como o direito à vida, à saúde, à educação e à cultura.
- Exploração de recursos naturais: as terras indígenas são diariamente alvo de empresas que exploram recursos naturais de forma ilegal e predatória.
No cenário internacional, a situação também é preocupante. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os povos indígenas são os mais marginalizados do mundo, com altos índices de mortalidade infantil, analfabetismo e acesso precário à água potável e saneamento básico.

O Abril Indígena é um momento importante para disseminar a história e a cultura dos povos originários fazendo ecoar um grito contra o genocídio dos povos indígenas.
Marcos históricos da luta indígena
A luta dos povos indígenas por seus direitos vem de longa data. No Brasil, alguns marcos importantes dessa luta incluem:
- 1967: Fundação da União das Nações Indígenas (UNI), a primeira organização indígena nacional do Brasil.
- 1970: Criação do Estatuto do Índio, que, apesar das controvérsias, representa um marco legal na proteção dos direitos indígenas.
- 1988: Promulgação da Constituição Federal, que reconhece a diversidade cultural dos povos indígenas e seus direitos territoriais.
- 2007: Criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), responsável pela atenção à saúde dos povos indígenas.
- 2016: Aprovação da Lei 13.323, que institui a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental das Terras Indígenas.
- 2023: Aprovação da Lei 14.402, que institui o dia 19 de abril como Dia dos Povos Indígenas, substituindo o termo “índio” por “povos indígenas”.

Por que não se fala mais “índio”?
O termo “índio” é considerado inadequado e etnocêntrico, pois foi imposto pelos colonizadores europeus que ao chegarem ao Brasil, identificaram erroneamente os povos originários como pertencentes à Índia, utilizando o termo “índio”.
O termo correto é “povos indígenas“, pois reconhece a diversidade de culturas e etnias que existem dentro dessa população.
Em 2022, a então deputada federal, Joenia Wapichana, teve a aprovação de seu projeto de lei que renomeava o Dia do Índio para Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril.
O propósito dessa mudança é ressaltar o valor dos povos originários e suas particularidades para a sociedade brasileira.
Enquanto a palavra “índio” carrega estereótipos e preconceitos que não refletem a diversidade e complexidade dos povos indígenas, a palavra “indígena” quer dizer originário, aquele que estava antes dos outros.
Programação Abril Indígena 2024
O Acampamento Terra Livre (ATL), evento anual, é a maior mobilização de povos indígenas do Brasil. Realizado sempre no Distrito Federal – Brasília, tendo uma contribuição histórica na luta pela garantia dos direitos dos povos indígenas no país.
Agora em 2024, de 22 a 26 de abril, acontecerá o 20º Acampamento Terra Livre. Para acompanhar a cobertura, siga a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil pelo perfil do Instagram @apiboficial.
Além disso, está marcada para o dia 5 de abril, a posse do primeiro membro indígena da Academia Brasileira de Letras, Ailton Krenak.
Você também pode ficar de olho na programação de universidades e centros culturais, entre outras instituições, que sempre organizam palestras, seminários, feiras e diversas atividades durante o Abril Indígena.
Museu das Culturas Indígenas
Se você é de São Paulo, ou está de visita pela cidade, aproveite para conhecer o Museu das Culturas Indígenas (MCI), localizado no bairro da Barra Funda.
Inaugurado em 2022, a instituição do Governo do Estado de São Paulo, administrada pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, em parceria com a ACAM Portinari e o Instituto Maracá, desenvolve uma proposta de gestão compartilhada com protagonismo do Conselho Indígena Aty Mirim, composto por lideranças de diversos povos indígenas do Estado de São Paulo.
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