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Educação Antirracista: o que é qual a importância de combater o racismo nas escolas   

Por FTD Educação

Estimativa de leitura: 8min 31seg

18 de novembro de 2024

A Educação Antirracista é uma abordagem pedagógica essencial para promover uma sociedade mais justa e mais equitativa. Entenda mais sobre essa temática! 

A Educação Antirracista se baseia na compreensão crítica das estruturas raciais presentes em nosso cotidiano e na busca por práticas que combatam o racismo de forma ativa e contínua. 

No Brasil, onde o racismo estrutural ainda afeta profundamente as oportunidades e as experiências da população negra, é fundamental que o ambiente escolar assuma o compromisso de educar para a equidade racial, preparando as próximas gerações para uma convivência mais harmoniosa e mais justa. 

O que é Educação Antirracista? 

A Educação Antirracista vai além de simplesmente falar sobre diversidade ou incluir a história afro-brasileira no currículo escolar. Ela é uma prática transformadora que visa desconstruir preconceitos, eliminar a discriminação racial e valorizar a história, a cultura e as contribuições de pessoas negras em todas as áreas da sociedade.  

Essa educação procura corrigir a invisibilização e a marginalização historicamente sofridas pela população negra, promovendo o respeito e a empatia como valores centrais na formação cidadã. 

A importância de combater o racismo nas escolas 

O espaço escolar é onde as crianças e os jovens constroem seus primeiros conceitos de sociedade, identidade e cidadania.  

Se o racismo não for ativamente combatido nas escolas, ele perpetuará preconceitos e práticas discriminatórias, reproduzindo as desigualdades já existentes. Por isso, uma educação que combate o racismo de forma consciente e intencional é crucial para formar cidadãos que respeitem as diferenças e lutem pela igualdade. 

Ao ensinar sobre o racismo e suas consequências, as escolas ajudam a romper o ciclo de opressão racial.  

É na escola que os estudantes podem aprender sobre a importância da pluralidade e da inclusão, desenvolvendo senso crítico para reconhecer e questionar as injustiças. 

Além disso, uma Educação Antirracista beneficia todos os estudantes, não apenas os negros, pois constrói uma sociedade mais empática e coesa, onde as diferenças são celebradas e não motivo de exclusão. 

Exemplos de programas e projetos antirracistas no Brasil para trabalhar na escola 

1. Lei 10.639/03: Obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira 

Uma iniciativa importante é a Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Essa lei é um marco na Educação Antirracista, pois reconhece a necessidade de incluir no currículo escolar conteúdos que contemplem a contribuição da população negra na formação do país. Sua implementação tem gerado projetos interdisciplinares que envolvem desde a literatura até a geografia, oferecendo aos estudantes uma visão mais ampla e diversa da história do Brasil. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei no 9.394/1996) – diz: 

“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Ensino Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório [grifo nosso] o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. 

§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. 

§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”. 

2. Por uma Educação Antirracista 

Nos últimos anos, algumas iniciativas educacionais têm se destacado por implementar práticas antirracistas nas escolas. Um exemplo é o projeto “Por uma Educação Antirracista”, desenvolvido pelo Instituto Alana, e convida pessoas de todas as idades, etnias e origens – jovens, adultos, idosos, indígenas, negros, amarelos e brancos – a se envolverem ativamente na transformação das práticas educacionais que conhecemos. Os cinco episódios ampliam o repertório dos espectadores, apresentam boas práticas e inspiram cada um a contribuir para essa mudança 

Confira o teaser aqui: 

3. Jogo de tabuleiro: Educação Antirracista 

Valdeny Lopes, professora do Colégio José Aras, em Euclides da Cunha-BA, desenvolveu um tabuleiro antirracista após observar comportamentos preconceituosos entre seus estudantes, como xingamentos e apelidos racistas.  Abordando temas como legislação, figuras importantes do movimento negro e citações que estimulam reflexões sobre a questão racial, o jogo é perfeito para ser utilizado em sala de aula, promovendo debates que vão além do ambiente escolar.  Baixe aqui o Jogo de Tabuleiro Antirracismo na Escola!  

4. Caderno Pedagógico – Vozes literafro-brasileira: promovendo a identidade e a diversidade na escola. 

Este material pedagógico tem o intuito de apresentar aos docentes, especificamente aos de Língua Portuguesa, uma opção para um trabalho com letramento literário para estudantes das séries finais do Ensino Fundamental Anos Finais.  Acesse o caderno pedagógico aqui. 

6 Livros antirracistas para trabalhar em sala de aula 

1.Felicidade não tem cor – Autoria: Júlio Emílio Braz 

Fael é um jovem talentoso no futebol, mas na escola enfrenta bullying por ser negro. Triste e desanimado, ele começa a acreditar que, se tivesse uma cor de pele diferente, seus colegas deixariam de provocá-lo e ele finalmente seria feliz.  

Com isso em mente, Fael decide procurar seu ídolo, um apresentador de rádio, na esperança de conseguir o endereço de Michael Jackson para descobrir como o cantor se tornou branco. No entanto, o que Fael não esperava era descobrir que seu ídolo é cadeirante e vive muito feliz, independentemente de suas limitações físicas. 

2. Lendas negras – Autoria: Júlio Emílio Braz 

Pouco ou nada se falou sobre a África para os jovens de hoje, afro-descendentes ou não. Para muitos, a África ainda é um mistério ou, pior ainda, quando aparece nos noticiários, é como palco de terríveis guerras civis e epidemias.  

Lendas negras resgata essa herança esquecida ou premeditadamente ignorada, apresentando-a a todos os dispostos a conhecer esse rico folclore e, quem sabe, despertar outros tantos a escrever mais sobre ele. 

3. Gente de cor cor de gente – Autoria: Aluísio Azevedo 

O livro-imagem Gente de cor cor de gente, utiliza o eufemismo “gente de cor” para abordar temas como preconceito, tolerância e diversidade. Em cada página, dois personagens, um com pele negra e outro de outra cor, enfrentam juntos situações cotidianas como fome, medo e alegria.  

A mensagem central da obra é que, independentemente da cor da pele, somos todos seres humanos com sentimentos semelhantes. Com cores vibrantes e contrastes, o livro promove uma reflexão sobre igualdade e respeito, ampliando a noção de “cores de gente”.

4. Luana e as asas da liberdade – Autoria: Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino 

Luana é apaixonada por capoeira e vive em um quilombo remanescente chamado Cafindé, sendo filha do mestre de capoeira Calça-Larga. Ao tocar seu berimbau mágico, ela é transportada para o passado, onde encontra figuras históricas que lutaram pela libertação dos negros escravizados no Brasil. 

Entre os personagens que Luana conhece estão Castro Alves, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. Durante sua jornada, ela testemunha o sofrimento de seus antepassados africanos, ao mesmo tempo em que acompanha a luta dos abolicionistas brasileiros em prol da liberdade dos escravizados. 

5. Quando eu fui Maria – Autoria: Jutta Richter 

Quando eu fui Maria narra a história de uma menina que enfrenta as brincadeiras dos colegas na escola. Como nova estudante, ela sonha em interpretar Maria no Auto de Natal, mas acaba recebendo o papel de ovelha. 

Frustrada, ela se pergunta como uma menina negra com cabelos curtos poderia representar Maria. Contudo, no dia da apresentação, a estudante escalada para o papel da mãe de Jesus adoece, e a novata, que decorou todas as falas, é escolhida pelo professor para substituí-la. 

6. As cores da escravidão – Autoria: Ieda de Oliveira   

A autora, Ieda de Oliveira, relata uma experiência pessoal de 2007, quando foi convidada a visitar Angola, um país em processo de reconstrução após a guerra civil. A emoção de pisar na terra de seus ancestrais, vítimas da escravidão, despertou nela profundas reflexões sobre a opressão. Ao retornar ao Brasil, Ieda se tornou mais consciente das formas de opressão presentes em sua sociedade, especialmente após receber documentos de seu filho que a levaram a investigar as raízes da escravidão. 

A partir de um desses documentos, ela criou a história de um menino de 10 anos que desapareceu na floresta, fugindo da violência. A narrativa explora a saga de sonhos usurpados e infâncias roubadas pela opressão, autoritarismo, carência e mentira.  

Neste livro, o garoto Tonho sonha com uma vida melhor. Inspirado pelas histórias de sua avó, ele convence seu amigo João a seguir um gato, um homem que recruta trabalhadores e atua como intermediário entre o empreiteiro e o peão. 

Conclusão 

A Educação Antirracista é mais do que uma necessidade; é um caminho para construir uma sociedade mais justa e igualitária.  

Ao reconhecer e valorizar as diferenças, as escolas têm o poder de transformar vidas, criando um ambiente em que todos, independentemente de sua cor ou origem, possam se sentir respeitados e acolhidos. 

Com a implementação de programas educativos antirracistas e o compromisso de combater o racismo nas escolas, estamos dando um passo importante para garantir que as futuras gerações possam viver em um mundo mais inclusivo e livre de preconceitos. 

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