A Educação Antirracista é uma abordagem pedagógica essencial para promover uma sociedade mais justa e mais equitativa. Entenda mais sobre essa temática!
A Educação Antirracista se baseia na compreensão crítica das estruturas raciais presentes em nosso cotidiano e na busca por práticas que combatam o racismo de forma ativa e contínua.
No Brasil, onde o racismo estrutural ainda afeta profundamente as oportunidades e as experiências da população negra, é fundamental que o ambiente escolar assuma o compromisso de educar para a equidade racial, preparando as próximas gerações para uma convivência mais harmoniosa e mais justa.
O que é Educação Antirracista?
A Educação Antirracista vai além de simplesmente falar sobre diversidade ou incluir a história afro-brasileira no currículo escolar. Ela é uma prática transformadora que visa desconstruir preconceitos, eliminar a discriminação racial e valorizar a história, a cultura e as contribuições de pessoas negras em todas as áreas da sociedade.
Essa educação procura corrigir a invisibilização e a marginalização historicamente sofridas pela população negra, promovendo o respeito e a empatia como valores centrais na formação cidadã.
A importância de combater o racismo nas escolas
O espaço escolar é onde as crianças e os jovens constroem seus primeiros conceitos de sociedade, identidade e cidadania.
Se o racismo não for ativamente combatido nas escolas, ele perpetuará preconceitos e práticas discriminatórias, reproduzindo as desigualdades já existentes. Por isso, uma educação que combate o racismo de forma consciente e intencional é crucial para formar cidadãos que respeitem as diferenças e lutem pela igualdade.
Ao ensinar sobre o racismo e suas consequências, as escolas ajudam a romper o ciclo de opressão racial.
É na escola que os estudantes podem aprender sobre a importância da pluralidade e da inclusão, desenvolvendo senso crítico para reconhecer e questionar as injustiças.
Além disso, uma Educação Antirracista beneficia todos os estudantes, não apenas os negros, pois constrói uma sociedade mais empática e coesa, onde as diferenças são celebradas e não motivo de exclusão.

Exemplos de programas e projetos antirracistas no Brasil para trabalhar na escola
1. Lei 10.639/03: Obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira
Uma iniciativa importante é a Lei 10.639/03, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Essa lei é um marco na Educação Antirracista, pois reconhece a necessidade de incluir no currículo escolar conteúdos que contemplem a contribuição da população negra na formação do país. Sua implementação tem gerado projetos interdisciplinares que envolvem desde a literatura até a geografia, oferecendo aos estudantes uma visão mais ampla e diversa da história do Brasil.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei no 9.394/1996) – diz:
“Art. 26-A. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Ensino Médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório [grifo nosso] o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras”.
2. Por uma Educação Antirracista
Nos últimos anos, algumas iniciativas educacionais têm se destacado por implementar práticas antirracistas nas escolas. Um exemplo é o projeto “Por uma Educação Antirracista”, desenvolvido pelo Instituto Alana, e convida pessoas de todas as idades, etnias e origens – jovens, adultos, idosos, indígenas, negros, amarelos e brancos – a se envolverem ativamente na transformação das práticas educacionais que conhecemos. Os cinco episódios ampliam o repertório dos espectadores, apresentam boas práticas e inspiram cada um a contribuir para essa mudança
Confira o teaser aqui:
3. Jogo de tabuleiro: Educação Antirracista
Valdeny Lopes, professora do Colégio José Aras, em Euclides da Cunha-BA, desenvolveu um tabuleiro antirracista após observar comportamentos preconceituosos entre seus estudantes, como xingamentos e apelidos racistas. Abordando temas como legislação, figuras importantes do movimento negro e citações que estimulam reflexões sobre a questão racial, o jogo é perfeito para ser utilizado em sala de aula, promovendo debates que vão além do ambiente escolar. Baixe aqui o Jogo de Tabuleiro Antirracismo na Escola!
4. Caderno Pedagógico – Vozes literafro-brasileira: promovendo a identidade e a diversidade na escola.
Este material pedagógico tem o intuito de apresentar aos docentes, especificamente aos de Língua Portuguesa, uma opção para um trabalho com letramento literário para estudantes das séries finais do Ensino Fundamental Anos Finais. Acesse o caderno pedagógico aqui.
6 Livros antirracistas para trabalhar em sala de aula
1.Felicidade não tem cor – Autoria: Júlio Emílio Braz

Fael é um jovem talentoso no futebol, mas na escola enfrenta bullying por ser negro. Triste e desanimado, ele começa a acreditar que, se tivesse uma cor de pele diferente, seus colegas deixariam de provocá-lo e ele finalmente seria feliz.
Com isso em mente, Fael decide procurar seu ídolo, um apresentador de rádio, na esperança de conseguir o endereço de Michael Jackson para descobrir como o cantor se tornou branco. No entanto, o que Fael não esperava era descobrir que seu ídolo é cadeirante e vive muito feliz, independentemente de suas limitações físicas.
2. Lendas negras – Autoria: Júlio Emílio Braz

Pouco ou nada se falou sobre a África para os jovens de hoje, afro-descendentes ou não. Para muitos, a África ainda é um mistério ou, pior ainda, quando aparece nos noticiários, é como palco de terríveis guerras civis e epidemias.
Lendas negras resgata essa herança esquecida ou premeditadamente ignorada, apresentando-a a todos os dispostos a conhecer esse rico folclore e, quem sabe, despertar outros tantos a escrever mais sobre ele.
3. Gente de cor cor de gente – Autoria: Aluísio Azevedo

O livro-imagem Gente de cor cor de gente, utiliza o eufemismo “gente de cor” para abordar temas como preconceito, tolerância e diversidade. Em cada página, dois personagens, um com pele negra e outro de outra cor, enfrentam juntos situações cotidianas como fome, medo e alegria.
A mensagem central da obra é que, independentemente da cor da pele, somos todos seres humanos com sentimentos semelhantes. Com cores vibrantes e contrastes, o livro promove uma reflexão sobre igualdade e respeito, ampliando a noção de “cores de gente”.
4. Luana e as asas da liberdade – Autoria: Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino

Luana é apaixonada por capoeira e vive em um quilombo remanescente chamado Cafindé, sendo filha do mestre de capoeira Calça-Larga. Ao tocar seu berimbau mágico, ela é transportada para o passado, onde encontra figuras históricas que lutaram pela libertação dos negros escravizados no Brasil.
Entre os personagens que Luana conhece estão Castro Alves, José do Patrocínio e Joaquim Nabuco. Durante sua jornada, ela testemunha o sofrimento de seus antepassados africanos, ao mesmo tempo em que acompanha a luta dos abolicionistas brasileiros em prol da liberdade dos escravizados.
5. Quando eu fui Maria – Autoria: Jutta Richter

Quando eu fui Maria narra a história de uma menina que enfrenta as brincadeiras dos colegas na escola. Como nova estudante, ela sonha em interpretar Maria no Auto de Natal, mas acaba recebendo o papel de ovelha.
Frustrada, ela se pergunta como uma menina negra com cabelos curtos poderia representar Maria. Contudo, no dia da apresentação, a estudante escalada para o papel da mãe de Jesus adoece, e a novata, que decorou todas as falas, é escolhida pelo professor para substituí-la.
6. As cores da escravidão – Autoria: Ieda de Oliveira

A autora, Ieda de Oliveira, relata uma experiência pessoal de 2007, quando foi convidada a visitar Angola, um país em processo de reconstrução após a guerra civil. A emoção de pisar na terra de seus ancestrais, vítimas da escravidão, despertou nela profundas reflexões sobre a opressão. Ao retornar ao Brasil, Ieda se tornou mais consciente das formas de opressão presentes em sua sociedade, especialmente após receber documentos de seu filho que a levaram a investigar as raízes da escravidão.
A partir de um desses documentos, ela criou a história de um menino de 10 anos que desapareceu na floresta, fugindo da violência. A narrativa explora a saga de sonhos usurpados e infâncias roubadas pela opressão, autoritarismo, carência e mentira.
Neste livro, o garoto Tonho sonha com uma vida melhor. Inspirado pelas histórias de sua avó, ele convence seu amigo João a seguir um gato, um homem que recruta trabalhadores e atua como intermediário entre o empreiteiro e o peão.
Conclusão
A Educação Antirracista é mais do que uma necessidade; é um caminho para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Ao reconhecer e valorizar as diferenças, as escolas têm o poder de transformar vidas, criando um ambiente em que todos, independentemente de sua cor ou origem, possam se sentir respeitados e acolhidos.
Com a implementação de programas educativos antirracistas e o compromisso de combater o racismo nas escolas, estamos dando um passo importante para garantir que as futuras gerações possam viver em um mundo mais inclusivo e livre de preconceitos.