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Bullying e cyberbullying: basta de silêncio, vamos falar sobre isso!  

Por FTD Educação

Estimativa de leitura: 14min 25seg

8 de abril de 2024

Milhões de estudantes enfrentam diariamente a angústia e o sofrimento do bullying, comprometendo não apenas seu desempenho acadêmico, mas também sua saúde mental e seu bem-estar. 

No pátio da escola, na sala de aula ou fora dela, uma briga aqui, um desentendimento ali, são ocorrências comuns e quase esperadas no processo de crescimento e interação das crianças e dos adolescentes. À medida que ingressam nesse universo social, é natural que se deparem com situações desafiadoras que testam suas habilidades de convivência e resiliência.  

No entanto, há uma delicada linha entre as experiências inevitáveis de desentendimentos e aquelas que indicam problemas mais profundos. Quando os pequenos embates começam a se repetir e ultrapassar os limites do aceitável, é nesse momento que pais, educadores e os próprios estudantes devem abrir os olhos e estar prontos para intervir.

Confira nesse artigo o que é o bullying, como agir e quais as leis atuais para proteger essas ações. Boa leitura! 

‎Dados sobre o Bullying no Brasil 

Pesquisa realizada pelo DataSenado (2023) revelou que cerca de 6,7 milhões de estudantes, o que equivale a 11% dos quase 60 milhões matriculados, relataram ter sofrido algum tipo de violência no ambiente escolar nos últimos doze meses. Esta estatística alarmante reflete a gravidade do problema e a urgência em tomar medidas eficazes para combater essa realidade preocupante. 

Ainda mais preocupante é o fato de que, quando questionados se já haviam sofrido violência na escola, mesmo que atualmente não estivessem estudando, o índice de respostas afirmativas saltou para 22%. E quando se trata especificamente de bullying, esse percentual aumenta para 33%. No entanto, chama atenção o fato de que os entrevistados com mais de 60 anos não relacionam  bullying com violência. 

É interessante notar que a percepção de bullying é mais frequente entre pessoas mais jovens.

Enquanto 52% das pessoas de 16 a 29 anos afirmaram terem sofrido bullying no ambiente escolar, esse número cai para 19% entre as pessoas com 60 anos ou mais. Esta variação na percepção ressalta a complexidade do problema e a necessidade de abordagens diferenciadas conforme a faixa etária. 

Diante desses dados, torna-se evidente a urgência em enfrentar o bullying de forma eficaz nas escolas brasileiras.  

O que é bullying? 

O bullying é uma forma de intimidação sistemática, que se caracteriza pela presença de violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação.  

Esta definição engloba uma ampla gama de comportamentos prejudiciais que podem ocorrer em diversos contextos, especialmente em ambientes escolares e sociais. Entre esses comportamentos estão ataques físicos, insultos, ameaças, comentários depreciativos e apelidos pejorativos, entre outros. 

O objetivo do bullying é causar constrangimento repetitivo e agressivo, seja de forma direta ou indireta, verbal ou física, resultando em danos à vítima.  

É crucial compreender que o bullying transcende o simples conflito entre indivíduos, tornando-se um problema social de grande impacto. Suas consequências podem afetar profundamente a saúde mental, o bem-estar e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. 

Portanto, é fundamental reconhecer a gravidade do bullying e tomar medidas eficazes para prevenir e combater essa forma de violência, promovendo ambientes seguros e acolhedores onde todos possam se desenvolver livremente, sem o medo da intimidação ou da discriminação. 

‎O que é ciberbullying? 

O cyberbullying é uma forma de bullying que ocorre através de dispositivos eletrônicos, como computadores, smartphones e tablets, e das plataformas digitais, como redes sociais, mensagens de texto, e-mails e fóruns on-line. Assim como o bullying tradicional, o cyberbullying envolve ações repetitivas e intencionais, nas quais uma pessoa utiliza a internet e a tecnologia para intimidar, humilhar, ameaçar ou prejudicar outra pessoa. 

Estas ações podem incluir o compartilhamento de mensagens ofensivas, fotos ou vídeos constrangedores, a disseminação de boatos ou mentiras, o envio de mensagens de ódio ou ameaças, entre outros comportamentos agressivos. O cyberbullying pode ocorrer de forma pública, onde o agressor expõe a vítima para muitas pessoas, ou de forma privada, através de mensagens diretas ou chats. 

Uma das características distintivas do cyberbullying é a sua capacidade de atingir a vítima em qualquer momento e lugar, muitas vezes de forma anônima, o que pode ampliar o impacto psicológico e emocional sobre ela. Além disso, as evidências digitais podem permanecer on-line por um longo período, tornando difícil para a vítima escapar do assédio e para as autoridades rastrearem e punirem os agressores.  

O cyberbullying pode causar sérios danos à saúde mental, autoestima e bem-estar emocional da vítima, levando a problemas como ansiedade, depressão, isolamento social e até mesmo suicídio. Portanto, é essencial que pais, educadores e a sociedade em geral estejam atentos a esse problema e tomem medidas para prevenir e combater o cyberbullying, promovendo uma cultura digital segura e respeitosa para todos.

‎Qual é a lei sobre o bullying? 

No dia 15 de janeiro de 2024, foi sancionada a Lei 14.811/2024, trazendo importantes mudanças no campo jurídico para enfrentar o problema do bullying e do cyberbullying. Esta nova legislação, originada a partir do Projeto de Lei 4224/2021, de autoria do deputado Osmar Terra (MDB-RS), promove significativas alterações no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

A principal alteração trazida pela Lei 14.811/2024 é a inclusão dos crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal, reconhecendo oficialmente essas formas de violência como infrações passíveis de punição legal.  

Com isso, atos de intimidação sistemática, humilhação, discriminação, agressão física ou psicológica, realizados tanto de forma presencial quanto por meio eletrônico, passam a ser considerados crimes perante a lei. 

Além disso, a nova lei eleva a gravidade de certos crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ao status de hediondos. Entre esses crimes, destacam-se o sequestro e a indução à automutilação, mostrando o compromisso do governo em enfrentar de forma enérgica qualquer forma de violência contra crianças e adolescentes.  

Esta legislação representa um avanço significativo na proteção dos direitos e na promoção do bem-estar das crianças e dos adolescentes no Brasil. Ao criminalizar o bullying e o cyberbullying, bem como ao tornar mais severas as punições para crimes graves contra essa parcela da população, o Estado reforça seu compromisso em garantir um ambiente seguro e saudável para o desenvolvimento integral das futuras gerações.  

Portanto, a Lei 14.811/2024 reflete o reconhecimento da gravidade do problema do bullying e do cyberbullying e a determinação do governo em enfrentá-lo de forma eficaz por meio de instrumentos legais adequados.  

Cabe agora à sociedade como um todo, incluindo pais, educadores, autoridades e comunidade em geral, unir esforços para promover uma cultura de respeito, empatia e tolerância, construindo um ambiente onde todas as crianças e todos os adolescentes possam crescer e se desenvolver livremente, sem o medo da violência e da intimidação.  

Continue a leitura e saiba mais! 

Assista à live completa com insights de Leo Fraiman, ao lado de Ceciliany Alves e Silvana Pepe, oferecendo dicas práticas para proteger professores e estudantes em meio a desafios de violência no ambiente escolar.

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Como ensinar os filhos a se protegerem do bullying e cyberbullying? 

Ensinar os filhos a se protegerem do bullying e do cyberbullying é crucial para capacitá-los a lidar com situações desafiadoras e promover um ambiente escolar mais seguro e respeitoso. Aqui estão algumas estratégias para ensinar aos estudantes como se protegerem do bullying: 

Promover a autoestima e a autoconfiança: 

Incentive os estudantes a desenvolverem uma autoimagem positiva e acreditarem em si mesmos. Isso pode ser feito através de elogios genuínos, incentivo ao desenvolvimento de habilidades e talentos, e aulas sobre inteligência emocional. 

Ensinar habilidades de comunicação: 

Ensine aos estudantes habilidades eficazes de comunicação, como expressar seus sentimentos de forma assertiva, resolver conflitos de maneira construtiva e pedir ajuda quando necessário. 

Fomentar a empatia e o respeito: 

Promova a empatia entre os estudantes, ensinando-os a entender e a respeitar as diferenças individuais. Atividades que incentivam a colaboração, trabalho em equipe e aceitação da diversidade são fundamentais. 

Desenvolver estratégias de resolução de conflitos: 

Ensine aos estudantes estratégias práticas para lidar com situações de conflito e bullying, como ignorar comentários negativos, buscar ajuda de um adulto de confiança, usar o humor para desarmar situações tensas e praticar a autorreflexão para entender suas próprias emoções e reações. 

Promover a cultura do respeito e não violência: 

Estabeleça normas e valores claros na escola que promovam o respeito mútuo, a tolerância zero para o bullying e a valorização da diversidade. Realize atividades e campanhas educativas sobre o tema para conscientizar os estudantes sobre suas responsabilidades no combate ao bullying. 

Oferecer recursos de apoio: 

Disponibilize recursos de apoio na escola, como conselheiros escolares, psicólogos, grupos de apoio e programas de mentoria, para que os estudantes tenham acesso a ajuda e suporte quando necessário. 

Incentivar a denúncia responsável: 

Ensine aos filhos a importância de relatar casos de bullying de forma responsável e segura, incentivando-os a procurar adultos de confiança na escola ou usar canais de denúncia anônima, se disponíveis. 

Ao capacitar os estudantes com habilidades sociais, emocionais e estratégias eficazes para lidar com o bullying, estaremos construindo uma comunidade escolar mais empática, segura e inclusiva para todos. 

‎Como saber se eu estou sofrendo bullying? 

Saiba como identificar se você ou alguém próximo está sofrendo bullying ou cyberbullying.

A campanha #ÉDaMinhaConta é uma iniciativa promovida pela SaferNet Brasil e Unicef, com o apoio do Facebook e do Instagram, que visa conscientizar e mobilizar a sociedade no combate ao bullying, especialmente no contexto do Dia Nacional de Combate ao Bullying, celebrado em 7 de abril. 

O objetivo da campanha é sensibilizar as pessoas sobre a importância de cada indivíduo em assumir a responsabilidade de promover um ambiente escolar e virtual seguro, livre de bullying e outras formas de violência. A hashtag #ÉDaMinhaConta enfatiza que todos têm um papel ativo na prevenção e combate ao bullying, seja no ambiente escolar, seja no ambiente familiar, seja no ambiente on-line. 

‎Pais e escolas devem dar atenção ao comportamento dos estudantes 

O bullying é uma preocupação crescente para pais e educadores, pois pode ter um impacto profundo no bem-estar emocional e mental das crianças e dos adolescentes.  Por isso, identificar os sinais de bullying e saber como lidar com essa situação de maneira eficaz são passos fundamentais para proteger os filhos. 

 Identifique os sinais

1. Os pais devem estar atentos a mudanças comportamentais e emocionais em seus filhos, como: 

  •         Mudanças repentinas no humor, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade. 
  •         Recusa em ir à escola ou participar de atividades sociais. 
  •         Lesões físicas inexplicadas ou perda de pertences pessoais. 
  •         Queda no desempenho escolar. 
  •         Problemas de sono ou apetite. 
  •         Expressões de medo ou evitação de certos lugares ou pessoas. 

2. Tenha uma comunicação aberta com as crianças e os adolescentes 

É essencial criar um ambiente em que os filhos se sintam seguros para compartilhar suas experiências. Os pais devem ter conversas regulares e abertas sobre a escola, amigos e sentimentos. Escutar ativamente, validar as emoções e oferecer apoio incondicional são práticas importantes. 

‎Quando é hora de buscar ajuda profissional e denunciar o bullying? 

Quando sinais de bullying são identificados, é crucial buscar ajuda profissional. Um psicólogo, um terapeuta ou um conselheiro escolar pode oferecer suporte emocional e estratégias para lidar com a situação. Eles também podem auxiliar na comunicação com a escola e na implementação de medidas eficazes.  Aqui estão alguns pontos-chave sobre o momento de buscar ajuda e denunciar o bullying. 

1. Impacto no bem-estar:  Se o bullying está causando um impacto significativo na saúde emocional, mental ou física do filho, como ansiedade severa, depressão, medo constante ou lesões físicas, é hora de buscar ajuda profissional imediatamente. 

2. Persistência da situação:  Se as medidas informais, como conversas com a escola ou os pais dos agressores, não estão resolvendo a situação e o bullying persiste, é importante buscar apoio profissional e considerar medidas mais formais, como denúncias às autoridades escolares ou policiais. 

3. Gravidade das ações:  Se o bullying envolve ameaças sérias, violência física, discriminação ou assédio, deve-se denunciar imediatamente às autoridades competentes. Estas situações exigem uma ação rápida e assertiva para garantir a segurança do filho e responsabilização dos agressores. 

‎Quando os pais devem considerar trocar o filho de escola devido ao bullying? 

 A decisão de trocar o filho de escola devido ao bullying é complexa e deve ser considerada com cuidado.  Alguns pontos a ponderar incluem: 

  • Persistência da situação:  Se a situação de bullying persiste mesmo após medidas tomadas pela escola e diálogo com os responsáveis, e o ambiente escolar continua sendo prejudicial ao bem-estar do filho, a mudança de escola pode ser considerada. 
  • Impacto no desenvolvimento: Se o bullying está afetando negativamente o desenvolvimento emocional, social e acadêmico do filho a longo prazo, uma escola com um ambiente mais seguro e acolhedor pode ser benéfica. 
  • Orientação profissional: Antes de tomar uma decisão, é aconselhável consultar profissionais, como psicólogos ou conselheiros escolares, para avaliar a melhor abordagem para proteger o bem-estar do filho e promover um ambiente educacional saudável. 

Como a escola deve agir em casos de bullying? 

A escola desempenha um papel fundamental na prevenção e combate ao bullying. Algumas medidas que as escolas devem adotar incluem: 

  • Políticas claras:  Ter políticas claras e rigorosas contra o bullying, com procedimentos para relatar e investigar casos, garantindo que todos os funcionários, pais e estudantes estejam cientes e comprometidos em criar um ambiente seguro. 
  • Educação e sensibilização: Promover programas de educação e sensibilização sobre o bullying, incluindo palestras, workshops e atividades que promovam a empatia, respeito e tolerância entre os estudantes. 
  • Apoio às vítimas: Oferecer apoio emocional e prático às vítimas de bullying, incluindo aconselhamento individual, grupos de apoio e medidas para garantir sua segurança na escola. 
  •  Medidas disciplinares: Tomar medidas disciplinares eficazes e justas contra os agressores, que podem incluir advertências, suspensões e outras consequências apropriadas, visando corrigir o comportamento e garantir a segurança de todos os estudantes. 

‎Livros para trabalhar o bullying com as crianças e adolescentes 

1.A liga dos heróis inúteis 

Autores: Alexandre de Castro Gomes e Luiz Antônio Aguiar 

Este livro aborda a superação de preconceitos, a construção de amizades, a redefinição do conceito de família e a abordagem do bullying. Cinco jovens brasileiros enfrentam desafios enquanto descobrem que possuem habilidades especiais. Em uma aventura repleta de reviravoltas inesperadas, os jovens heróis fazem importantes descobertas sobre suas origens, o presente… e o que os aguarda adiante no futuro. 

‎2.Diga não à violência!  

Autor(a): Fernando Carraro  

Neste volume, acompanhe uma escola que, depois de uma briga entre dois alunos, une-se aos pais e aos estudantes para entender as raízes da violência e criar uma cultura de paz. 

‎3.A cor da ternura 

Autor(a): Geni Guimarães 

‎Geni é a penúltima de uma família de oito irmãos. Negra e pobre, logo se dá conta do peso da cor e da condição social, e aprende a conviver com ofensas e xingamentos. 

‎Conclusão 

É fundamental que cada um de nós assuma a responsabilidade de agir contra o bullying, seja apoiando as vítimas, denunciando comportamentos abusivos, promovendo a empatia e a tolerância, ou participando de campanhas e iniciativas como #ÉDaMinhaConta para construir uma sociedade mais justa e inclusiva. 

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